quinta-feira, 11 de outubro de 2007

DIÁRIOS DE MOTOCICLETA, UM POUCO DA VIDA DE CHE



Na segunda-feira a UMES e o Grêmio Estudantil da Escola Cel. Virgilio Távora passou para os estudantes o Filme Diários de Motocicleta, o presidente da Umes, contou um pouco da vida de Che sendo em seguida debatido pelos estudantes.

Há 40 anos, no dia 09 de Outubro de 1967, uma rajada de balas assassinava Che Guevara. Num casebre de chão batido na Bolívia, o sargento Mário Terán, vistoriado pelo agente cubano-americano da CIA, Félix Rodrigues, executou um rapaz de 39 anos - magro, sujo e ferido. Mesmo com a perna trespassada por uma bala, sem água e sem comida, Che foi vigiado, cercado e interrogado por mais de 70 soldados.

Mais do que nunca, Che Guevara, entretanto continua vivo no coração, na mente e na esperança de todos os povos – em especial da juventude. Morre-se de emoção nas ruas, nas famílias, nos bares, nas praças, nos estádios e tudo de repente se transforma numa só vontade, num só desejo, numa só exaltação: a memória de Che nas camisetas, nas bandeiras dos clubes, nos botons, nas faixas, nos quadros.

Che se foi. Mas ficou o desejo coletivo de vê-lo vencendo os outros, afirmando-se, e os corações batendo o ritmo da do seu sorriso. O céu da esperança parece vestido com a fumaça do seu charuto inseparável. Nas manifestações mais simples de confiança na vitória se revelam no gesto e no gosto de vestir, do cantar, do comemorar.

Somos um mundo de contradições. E graças a Deus os modismos passam. O que fica, como definitivo e eterno, é a verdade de que esse sentimento de amor a esperança não morre nunca. Che, mesmo depois de executado, se espalha no mundo todo. Não é modismo criado pela mídia – ao contrário – a mídia oficial o teme mais do que nunca. Che é definitivo, eterno. Ainda é o ídolo que incendeia todas as mentes, inclusive no despertar de um comportamento contestador em que se inovava a ternura.

Um mundo assim, com Che Guevara, não é um mundo medíocre. Ele tem um grande destino e vai cumpri-lo. Setenta soldados vigiam, interrogam e executam um moço ferido de bala. Mas não há no mundo vigias suficientes para prender uma idéia.
Guevara continua sorrindo, parece que sabe da sua vitória sobre os criminosos que o cercaram. Mas é um sorriso cordial, irreverente consigo mesmo. E passa da paixão mais exaltada para a esperança mais comprometida e necessária.

Queriam um Che fuzilado. Mas ele sobreviveu aos mosquitos, aos homens da CIA que vasculharam o continente à sua caça. Sobreviveu até mesmo à rajada de balas, talvez seja porque seu espírito inquieto resistisse ao imobilismo e não lhe permitia morrer. Da mesma forma como ele resistiu a participar de um mundo sem esperança, sem cuidado com as pessoas - Che era médico. Guevara é o oposto do cinismo, da covardia, da perseguição e da culpa. Quase oitentão, ainda mantém a aura romântica do herói – uma aura que já aparecia em seus relatos de juventude.

Guevara soube resistir e vencer, talvez pela ternura consigo mesmo, talvez pela emoção. Em tudo o Brasil é um país de ternura e emoção - não é frio, ele sabe contorcer-se todo nas alegrias e nas tristezas. No fundo, é o nosso feitio de amor ao país. Quarenta anos depois, comemoramos, no Brasil, em Cuba, na Venezuela, na Argentina, no mundo todo e até mesmo na Bolívia, a vitória de Che Guevara. Por aqui, comemoramos de um jeito bem brasileiro: sofrendo na angústia de chegar a nossa hora. Vai chegar.

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