segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Brócolis pode proteger pulmão de fumantes, diz estudo

Um estudo conduzido nos Estados Unidos sugere que o brócolis pode ajudar a reduzir os danos causados nos pulmões de pacientes que sofrem de uma séria doença pulmonar geralmente associada ao fumo.

A equipe, da John Hopkins School of Medicine, em Maryland, acredita que um composto produzido pelo brócolis, o sulforafano, aumenta a atividade da proteína NRF2 --conhecida por ser um potente antioxidante e componente de defesa dos pulmões contra inflamações.

Essa ação protegeria as células dos danos causados pela doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), normalmente causada pelo fumo e que engloba um conjunto de problemas pulmonares, entre eles a bronquite crônica e o enfisema.

Segundo o estudo, essa proteína aciona vários mecanismos que removem toxinas e poluentes que podem danificar as células pulmonares.

"Aumentar a atividade do NRF2 pode levar à tratamentos úteis que previnem a evolução da DPOC", disse Shyam Biswal, que coordenou a pesquisa.

Efeitos

O estudo foi publicado na edição desta segunda-feira da revista científica "American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine".

Para chegar aos resultados, os pesquisadores examinaram amostras de tecido dos pulmões de fumantes infectados e não-infectados pela DPOC para determinar os níveis de NRF2 nos dois grupos.

Quando comparados com fumantes que não sofriam da doença crônica, os pacientes de DPOC em estágio avançado demonstraram níveis muito menores da proteína.

Por isso, os pesquisadores acreditam que tratamentos direcionados a aumentar os níveis de NRF2 podem atenuar os efeitos do estresse oxidativo provocado pela DPOC nos pulmões.

Segundo o estudo, o sulforafano é capaz de restaurar os níveis reduzidos do NRF2 nas células expostas à fumaça do cigarro.

Tratamento

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que o mesmo composto encontrado no brócolis era capaz de reverter os danos causados pela diabetes aos vasos sangüíneos do coração.

"Pesquisas futuras devem ser direcionadas ao NRF2 como uma nova estratégia para aumentar a proteção antioxidante nos pulmões e testar sua habilidade em melhorar a função pulmonar de pacientes com DPOC", disse Biswal.

Um porta-voz da Fundação Britânica dos Pulmões afirmou que o estudo é importante para mostrar o desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes nos pulmões.

"Sabemos que o brócolis contém compostos naturais, mas por enquanto os estudos foram feitos apenas em laboratórios e são necessárias mais pesquisas para descobrir se pode produzir os mesmos efeitos em humanos", disse.

A doença pulmonar obstrutiva crônica foi considerada a quinta mais letal do Brasil, segundo dados recolhidos pelo Projeto Platino, que investigou a incidência da doença no Brasil em 2003.

Segundo os dados, a DPOC provoca cerca de 270 mil hospitalizações anualmente, e é causa crescente de morte no país.
Fonte:BBC

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Acordo garante vitória a todos os candidatos em cidades do RS


Jacutinga e Alegria, no norte do estado, têm um candidato a prefeito cada.
Nos dois municípios, há nove candidatos para nove vagas de vereador.
Em pelo menos dois municípios do Brasil, o eleitor pode até ter dúvida ou mesmo não saber em quem vai votar, mas uma coisa ele já tem certeza: quem será o novo prefeito e também os vereadores.
Em Alegria e Jacutinga, na região norte do Rio Grande do Sul, só há um candidato a prefeito e nove a vereador. Detalhe: em cada um dos dois municípios só há nove cadeiras na Câmara.
Em ambos os casos, líderes dos partidos locais fizeram um acordo para dividir o poder que eliminou a disputa eleitoral.



Segundo o Ministério Público Eleitoral do Rio Grande do Sul, o acordo não é ilegal. Todos os candidatos integram a mesma coligação, "Jacutinga: União e Desenvolvimento". "Mas causa perplexidade", afirmou o coordenador de gabinete do MP Eleitoral, Daniel Rubin.
Jacutinga
O acordo em Jacutinga prevê que todos os seis partidos integrantes da única coligação da cidade (PP, PMDB, PDT, PT, PSDB e PTB) tenham, no mínimo, um representante na Câmara, o comando de uma das seis secretarias municipais. Quatro dividirão a presidência da Câmara, um a cada ano da próxima legislatura.

Pelo acordo, por exemplo, o PP ganhou de um lado, mas perdeu de outro. Enquanto pôde manter o cargo de prefeito, com Edegar Antonio Menin, o Dega, cedeu duas das quatro cadeiras na Câmara.

Uma das pessoas que perderá o lugar será justamente a atual presidente da Casa, Lenira Bavaresco. "Mas pretendo continuar na política" disse a vereadora, de 54 anos, "nem que seja nas eleições de 2012".
Quem desistiu da política foi o candidato a prefeito derrotado nas duas últimas eleições, Milvo José Tortelli. Em 2004, ele perdeu para Dega por 1.560 a votos a 1.164. "Muitos estão lá só por conta do salário", disse ele.

Por outro lado, três dos atuais vereadores seguirão no cargo: Roselio Marmentini, o Géio (PP), Lainor de Maman (PMDB) e Luiz Ferronato (PSDB).

Para convencer a cidade, os futuros representantes da cidade estão marcando encontros com a população para explicar o que foi feito e também por que tomaram tal atitude. Eles disseram que uma parcela dos habitantes não aprovou o acordo.

"Não estamos preocupados com o povo agora. Inicialmente não vamos pensar no povo, naqueles 30% que estão contrariados. Daqui a um ano, a gente volta a conversar", afirmou o futuro prefeito Dega, ao lado de oito dos nove candidatos e também do futuro vice-prefeito, que é do PT.

"Tem muita gente na população descontente porque não tem mais compra de votos. Agora, não tem mais festinhas, e nos encontros só aparecem umas 15 pessoas. Antes, eram 150, 200 pessoas, porque tinha bebida e comida de graça. E também agora não tem mais essa de encher o tanque de combustível antes das eleições", disse Valdir Sangalli, líder do PT.
Mas então havia compra de votos? "Não, algumas pessoas é que pediam, mas sabemos que isto havia aqui sim", disse Sangalli.
Os candidatos e também os líderes do partido disseram ainda que o fato de terem gastos reduzidos com campanha eleitoral - a cidade não tem horário político e são poucos os candidatos que pagam para adesivar carros de moradores da cidade – é uma vantagem econômica.

Afinal, como estão todos eleitos, não é preciso fazer campanha. De qualquer forma, eles deixam claro que há uma disputa interna. "Ninguém vai querer terminar em último lugar", disse Oládio, um dos novos vereadores, ou melhor, ainda candidato a vereador
Alegria

Em Alegria, os nomes dos futuros prefeito e vereadores também foram escolhidos por meio de acordo entre os prefeitos. O prefeito Nego Santi será reeleito e também já sabe com quem trabalhará na Câmara dos Vereadores e qual partido assumirá cada secretaria.

“Achamos melhor chegar a esse consenso porque em época de eleições era bem violento”, afirmou Juarez Antonio da Silva, que perdeu em 2004 para prefeito por 197 votos de diferença (1807 a 1610).

Silva contou que em 2004 ele e a mulher foram alvos de atentados. “Os embates eram violentos, nossos carros foram apedrejados em emboscadas noturnas”, contou.

Ele relata que o acordo aconteceu justamente por conta da violência eleitoral e da economia. “O município é muito pobre, os recursos são poucos. Achamos que esse pode ser um bom caminho para a cidade”, disse. "Teve gente que não gostou, mas são aqueles que pediam algo em troca pelo voto, como comida, combustível ou favores na Prefeitura", completou.

Como em Jacutinga, a Câmara foi dividida para que todos os partidos tivessem representação. Assim, o PP, que seguirá com o prefeito, perdeu uma cadeira para o PTB e terá quatro vereadores. O PMDB manterá duas e o PDT e o PT, uma cada.

“Fizemos isso para o bem da cidade”, afirmou Rodolfo Eduardo Heck, o Bubi, que seguirá no cargo de vereador – em 2004, ele foi o mais votado. “Agora temos mais tranqüilidade. Aqui o clima era meio ferrolho, tinha muita rivalidade”, completou ele.

De acordo com Bubi e Silva, o acordo entre os partidos valerá até as eleições de 2012. Segundo eles, a diferença é que daqui a quatro anos a Prefeitura de Alegria será da oposição (deve ficar com o PT), enquanto o PP ficaria com cinco vagas na Câmara e com o vice-prefeito.

Fonte G1.com

terça-feira, 9 de setembro de 2008

7 de setembro Desfile causa polêmica no Sertão Central


Mudanças no ato comemorativo da Independência do Brasil são questionadas no Interior do Estado

Quixadá. Enquanto a comunidade estudantil aproveitava o fim de semana prolongado, com direito a folga na segunda-feira em recompensa ao esforço físico do 7 de Setembro, nas ruas das duas maiores cidades do Sertão Central, a população ainda discutia o desfile cívico. A apresentação de grupos de dança de rua em Quixeramobim e a participação de adolescentes grávidas em Quixadá, levantaram a polêmica. Alguns avaliavam a transformação da solenidade como um importante espaço para manifestação. Outros repudiavam o que consideram descaracterização da História da Independência.

Após os aplausos a atiradores do Tiro de Guerra, ao Corpo de Bombeiros e aos pelotões de Voluntários Combatentes do Fogo e policiais militares, os espectadores passaram a observar com mais atenção o desfile das escolas, projetos sociais e movimentos independentes. Mesmo com o cadenciar dos tambores, alguns jovens se destacavam. Eram dançarinos de Hip-Hop. Ao invés da marcha ordenada, dançavam literalmente na avenida Cônego Aureliano Mota, no Centro de Quixeramobim. Enquanto eram aplaudidos por outros adolescentes, os mais velhos reprovavam a atitude.

Acostumada a ver a disciplina militar nos desfiles da Capital, a aposentada Ana Lúcia Nogueira, 77 anos, não se conformava com o que via. Balançava a cabeça de um lado para o outro, desaprovando e comentando: “É uma vergonha. Até o dia dedicado à nossa pátria estão transformando num carnaval. Nunca vi coisa assim. Essa gente devia era ter vergonha. Onde já se viu, meninos e moças rolando pelo chão. Nem mesmo os soldados camuflados fazem esse exibicionismo”. O descontentamento aumentou quando o Batalhão dos Excluídos começou a desfilar.

A situação não foi diferente no encerramento das comemorações em Quixadá, onde tradicionalmente a parada é realizada no início da noite. Além dos apelos à preservação do meio ambiente, homenagens ao jovem Rodolfo Lessa, campeão de bicicross que perdeu a vida aos 15 anos, atropelado por um motorista embriagado quando retornava para casa, duas jovens grávidas chamaram a atenção do público. Eram alunas da Escola de Ensino Médio Governador César Cals. Conduziam uma faixa exaltando o Dia do Estudante.

Horrorizado, foi como se sentiu o casal Augusto Benício Ferreira e Maria do Carmo Ferreira. Observavam atentos a passagem das escolas quando se deparam com a cena das gestantes. Consideraram a participação um incentivo à gravidez precoce. Não se conformavam. Não havia motivo para elas estarem ali. “Seria até um risco para os bebês”, reclamou a dona-de-casa. Ela é mãe de duas filhas adolescentes. Confessou que não se sentiria confortável ao vê-las daquela forma, desfilando publicamente. O marido não quis se manifestar.

Espelho social

Segundo o pedagogo Edsom Eugênio de Sousa, um dos organizadores do desfile cívico em Quixadá, o mais importante momento patriótico do Brasil não se resume em marchar e fazer continência às autoridades. Desde que voltadas ao conteúdo pedagógico proposto todas as formas de expressão educacional podem participar dos desfiles. “As escolas representam um espelho social. É nelas que formamos nossos cidadãos e valores sociais. É importante respeitar a liberdade de expressão do nosso povo”.

Na opinião do professor Altemar Muniz, doutor em História do Brasil, os desfiles cívicos no Brasil, principalmente nas cidades do Interior, estão se transformando numa autêntica manifestação social. Embora tenha sido criada na época da ditadura militar, já pelo governo republicano, a tradição militarista iniciada em 1964 enfim está ganhando sua real função. Afinal, a Independência do Brasil foi proclamada por D. Pedro I e com o apoio de seu povo. “Os norte-americanos comemoram em festa o 4 de julho. O transformam num carnaval patriótico”, ressaltou.

ALEX PIMENTEL
Colaborador

UMES EXCLARECE:
Este ano a Umes não participou do desfile do 7 de setembro tendo em vista que a secretaria de educação não convidou, não sabemos qual o motivo que o orgão público não nos convidou ou se a atual secretaria de edução não valoriza mais os parcerios.

Por outro lado a deseorganização do desfile foi sem dúvida a maior bandeira de luta que deve ser vista no proximo ano. As escolas como sempre ainda tenta conserta a falta de inovação nestes desfiles. Nos desfile da Umes sempre apresentamos inovação e tema voltado para a atualidade.

Mais informações:
Prefeitura de Quixeramobim
(88) 3441.1326
Prefeitura de Quixadá
(88) 3414.4695
Municípios do Sertão Central

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

PATRIMÔNIO NATURAL: Instalações danificam Pedra do Cruzeiro


Campanha de restauração da Pedra do Cruzeiro, erguido em 1934, deve começar após o período eleitoral

Quixadá. Um dos mais interessantes pontos turísticos do Sertão Central, a Pedra do Cruzeiro, ganha um aliado determinado a assegurar sua preservação. A Associação dos Filhos e Amigos de Quixadá (Afaq) se articula no sentido de identificar os proprietários das dezenas de antenas instaladas no pico da imensa rocha monolítica encravada no Centro da cidade e exigir do Município o cumprimento da lei que estabelece a retirada das parafernálias metálicas daquele local. Com a “limpeza”, pretendem promover campanha para a restauração do cruzeiro erguido nos idos de 1934 que deu o título popular ao exótico monumento geográfico de Quixadá.

A Afaq está preocupada com a acentuada descaracterização daquele patrimônio natural. Além das antenas, temem a continuidade da especulação imobiliária. Enormes prédios estão sendo erguidos no entorno da rocha. “Aos poucos, a Pedra do Cruzeiro está sendo sugada pelas edificações e ambição econômica”, avaliam os associados. Não se conformam com o não cumprimento da lei orgânica municipal, que estabelece um dispositivo legal especial para disciplinar a utilização das antenas. Embora o monólito seja tombado como patrimônio da cidade, nenhum cuidado é tomado.

O presidente da Afaq, Edvardo Moraes de Oliveira, aguarda o levantamento do número exato das antenas e, inclusive, a relação dos que estão se beneficiando economicamente com a irregularidade. Pelo que sabem, alguns recebem aluguel e outros não dão qualquer contribuição ao erário municipal. Com os dados e as leis nas quais são estabelecidas as normas de preservação e utilização do espaço público natural nas mãos, os associados pretendem acionar o Ministério Público. Vão exigir o fiel cumprimento da legislação.

Normas

Acerca das normas que estabelecem os critérios para a instalação de torres e parabólicas na plataforma da rocha, o empresário e vice-prefeito de Quixadá, Cristiano Góes, assegurou a existência do dispositivo legal. Informou ter sido ele o autor da medida. Determina até o prazo para a retirada das antenas. A área deveria ser desocupada há mais de dois anos. Ficou acertada a junção da documentação norma complementar à Lei Orgânica. O artigo 129 estabelece: “A Pedra do Cruzeiro, patrimônio histórico, cultural e turístico do município será preservada de toda e qualquer depredação, vedada à exploração comercial ou residencial em toda a sua estrutura a qualquer título, salvo iniciativa do Poder Executivo através do Projeto de Lei enviado à Câmara Municipal”. No entanto, nunca foi cumprido.

A pedagoga Lúcia Helena Granjeiro, integrante da Afaq, não se conforma com o que considera descaso público a se arrastar por mais de uma década. A professora universitária lembra que antigamente o cruzeiro era um marco norteador para quem se aproximava do Centro de Quixadá. Atualmente parece ter sido consumido pelas dezenas de antenas repetidoras de telefonia e Internet, que continuam sendo instaladas ali.

Pichações, lixo, sexo e consumo de drogas completam o cenário degradante. Mas ainda hoje muitos enfrentam a sinuosa e íngreme trilha, sobem ao topo da gigantesca rocha de 127 metros de altura para apreciar a vista panorâmica da “Terra dos Monólitos”. É justamente com a disposição e sensibilidade desse público que os “Amigos de Quixadá” pretendem contar na elaboração de uma ação popular. Eles acreditam ser a última alternativa para a preservação das características originais do mirante sertanejo, considerado um dos mais belos cartões postais do Sertão Central.

A campanha de preservação da Pedra do Cruzeiro tem início logo após o pleito eleitoral. Os futuros representantes do poder legislativo do município serão convocados a integrarem o exército de protetores da “Pedra do Cruzeiro”.

ALEX PIMENTEL
Colaborador
Diário do Nordeste

ENQUETE
O que você acha da degradação no Cruzeiro?

Edvardo Morares de Oliveira
Presidente da Afaq
Noutras cidades do País, os empresários instalam suas torres metálicas em áreas adequadas.

Cristiano Góes
Autor da lei municipal
Foi um absurdo a autorização de se colocar essas antenas na Pedra do Cruzeiro. Quem o fez não teve sensibilidade.

Terezinha Oliveira
Secretária de Cultura
Ao visitar Quixeramobim, era a visão do Cruzeiro que me dava a sensação da volta pro meu aconchego

FIQUE POR DENTRO
Cruzeiro de Santo Antônio em abandono

Em outra elevação geográfica natural da região, a situação é praticamente a mesma. O cruzeiro e a capelinha erguidos há mais de meio século no serrote do Boqueirão, ao lado da barragem do açude Quixeramobim, também estão abandonados. O pequeno templo e o marco religioso foram depredados por vândalos. Nem mesmo as cruzes fixadas ao longo da trilha de meio quilômetro escaparam. Apenas a bandeira de Santo Antônio está a salvo. ´SOS Cruzeiro do Boqueirão´ será elaborada na cidade.

Mais informações:
Associação dos Filhos e Amigos de Quixadá - Afaq
Rua São Paulo, 32 Sl. 911
Fortaleza - CE
(85) 3254.7168

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ecologistas realizam protesto em Quixadá


Obra na via de acesso ao Açude do Cedro está causando polêmica em Quixadá. Manifestantes fazem protesto hoje

Quixadá. Ambientalistas e estudantes realizam, hoje, uma marcha de protesto saindo do Centro de Quixadá ao Açude Cedro. A manifestação é contrária à obra de capeamento da via de acesso ao principal ponto histórico e turístico do município. Estão preocupados com a possibilidade de desfiguração e degradação de um trecho de pouco mais de 1,5km. Trata-se da área do portal — um arco de alvenaria construído pelo Dnocs — ao reservatório do Cedro. Os manifestantes reivindicam a utilização de paralelepípedos na pavimentação do trecho e a preservação das árvores seculares do local.

Além de alunos e professores de escolas públicas, como a José Jucá, reconhecida por suas atividades de conscientização ecológica, servidores da 12ª Célula Regional de Educação (Crede 12) e representantes da Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no município, são solidários ao movimento. Reclamam da falta de transparência nas obras públicas. “Gestão participativa, somente no papel”, questiona o presidente do Instituto de Convivência com o Semi Árido (IC), ambientalista Osvaldo Andrade, um dos mobilizadores do protesto.

Sem informação

Andrade cita como exemplo os loteamentos e a restauração do Parque Lago dos Monólitos. Segundo afirma, somente os engenheiros das empreiteiras e Prefeitura conhecem o projeto. “Ninguém informa sobre nada. Quando menos se imagina, já tem casa construída dentro dos rios e complexos socioeducacionais erguidos dentro dos açudes”, declara. A referência é feita ao Rio Sitiá, manancial em acelerado processo de assoreamento e ao Eurípedes, lagoa transformada em área de lazer pelo Poder Público.

O grupo reconhece a importância da restauração da Estrada do Cedro, como popularmente é conhecida a via que dá acesso à parede do reservatório. Os manifestantes prometem, logo após a caminhada, entregar ao representante do Ministério Público solicitação de interdição da obra.

A obra está orçada em R$ 6,5 milhões. Conforme o secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Quixadá, Paulo Stênio Fernandes, responsável pela fiscalização da obra, não há motivo para protestos. O percurso será pavimentado com bloquetes de concreto. Após estudos, concluíram ser a melhor forma de minimizar o impacto ambiental. A preocupação tem sido tamanha que o asfalto removido foi triturado e utilizado na compactação do solo. Também atenderam exigência do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). “Até estudos arqueológicos fora realizados”, ressaltou Fernandes.

Quanto à preservação da vegetação no entorno da alameda, composta por centenárias samaúmas, mugumbeiras e mangueiras — entretanto nenhum cedro, espécie rara que dá nome ao reservatório imperial — o representante da Prefeitura explica ter proposto ao ecologista a apresentação de um projeto de preservação da flora naquela área. Afirma não entender o motivo de tanta repulsa, vez que a restauração trará benefícios para todos. “Nenhuma árvore será derrubada”, garante ele.

O que eles pensam
Administradores e ambientalistas polemizam

'Essa gente não se importa com as conseqüências dos seus atos. Os recursos do nosso ecossistema são limitados. A cada dia o cofre da natureza está sofrendo desfalques por todo o mundo. Na nossa cidade não está sendo diferente. Lutamos pela conservação da maior riqueza para os nossos herdeiros, o meio ambiente. Queremos que eles cumpram o que prometeram. Nossos filhos e netos agradecem.'
Osvaldo Andrade
Presidente do Instituto de Convivência

'Em todo e qualquer processo de desenvolvimento público é necessário respeitar as leis ambientais. Toda ação realizada no sentido de minimizar os efeitos causados pela interferência é bem vinda. O problema é que coisas assim demoram a demonstrar seus resultados. Precisamos analisar o projeto, e encontrar a melhor solução, para garantir o equilíbrio entre ambientalistas e administradores.'
Gladson Alves
Advogado

'Temos consciência do nosso papel social e ambiental. A nossa administração procura harmonizar o progresso à preservação da natureza. Não é uma tarefa fácil. Lutamos há anos pela restauração dessa importante rodovia. Muitos prefeitos dariam graças a Deus para conseguir esses recursos. Se o conquistamos é porque temos competência pública. Com a avenida pronta não haverá reclamação.'
Paulo Stênio
Secretário de Meio Ambiente

ALEX PIMENTEL
Colaborador
Diário do Nordeste

Mais informações:
Instituto de Convivência com o Semi-Árido
Oswaldo Andrade
(88) 3414.0140
(88) 3412.3483

terça-feira, 2 de setembro de 2008

ELEIÇÃO EM QUIXADÁ DEBATE FRUSTA UNIVERSITÁRIO


Quixadá. Faltando pouco mais de um mês para o desfecho das disputas aos cargos de prefeitos e vereadores por todo o País, a comunidade universitária do Sertão Central demonstra preocupação com as propostas dos candidatos no maior centro eleitoral da região. Após a realização do debate com três, dos quatro pretendentes à chefia do Poder Executivo de Quixadá, alunos e professores da Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc) discutiram as “promessas” dos participantes nas áreas da educação, cultura e patrimônio. Não ficaram satisfeitos com o que viram e ouviram.

O descontentamento, principalmente dos acadêmicos, se deu em razão da invasão das militâncias dos três partidos que enviaram seus representantes ao encontro político. Caravanas do Partido Social Brasileiro (PSB), Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB) e Partido dos Trabalhadores (PT) lotaram o campus universitário. A multidão tumultuou o acesso ao Auditório Rachel de Queiroz. Poucos estudantes tiveram a oportunidade de acompanhar o debate de perto. Embora tenha ocorrido a distribuição de senhas, havia auxiliares e simpatizantes de Mônica Sousa (PSB), Zé Nilson (PSDB) e Rômulo Carneiro (PT) em maior número.

Apenas o candidato Roberto Costa, do Partido Progressista (PP) não compareceu. Ele informou aos organizadores que os adversários não haviam cumprido o acordo previamente estabelecido. Carros de som, bandeiras e propaganda política não seriam permitidos, mas não foi isso o que se viu na porta da faculdade.

Avaliação

O estudante do 2º semestre de História, Natah Barbosa, avalia como negativa a participação dos candidatos. Não teve a oportunidade de ouvir as propostas deles. A gritaria dos grupos no pátio da faculdade e os bate-bocas no salão de encontros prejudicaram o principal propósito do evento. Uma demonstração da falta de controle dos pretensos governantes. A reclamação é compartilhada nos corredores da Feclesc. Não agradou nem o diretor em exercício do campus avançado da Universidade Estadual do Ceará, professor Makarius Tahim.

Na opinião dos organizadores, auto-denominados “Movimento de Estudantes de Ousadia e Atitude”, o que se viu na Feclesc foi um excelente exemplo de cidadania e conscientização política. Classificaram a mobilização como um excelente momento de integração com a sociedade. Pela primeira vez o fervor do processo democrático eletivo foi sentido dentro de uma universidade pública.

No telão armado no estacionamento, praticamente ao lado do auditório, centenas de simpatizantes dos três grupos assistiram à sabatina política.

Enquanto o professor Deribaldo Santos mediava o debate, um dos coordenadores do encontro, o professor Altemar Muniz, controlava os excessos das militâncias.

Embora tenha sido a primeira discussão de âmbito municipal, a iniciativa se tornou tradição no meio acadêmico. Nos pleitos anteriores, candidatos a vagas na Assembléia Legislativa e ao Congresso Nacional foram recebidos no centro universitário. O foco principal sempre foi voltado para a manutenção e as melhorias da universidade pública.

Enquete
Como você avalia o debate político?

Nathan Pereira Barbosa
20 ANOS
Universitário
'Essa gente só veio aqui para fazer baderna. Não ouvi nenhuma proposta. Os comitês invadiram o auditório.'

Makarius Oliveira Tahim
30 ANOS
Diretor da Feclesc
'Lamentavelmente os adversários acabaram transformando nossa faculdade uma arena de disputas.'

Fernanda Ruth Teles Paiva
22 ANOS
Organizadora
'Não tive a oportunidade de ouvir o debate. Não imaginava que uma multidão iria se concentrar na faculdade.'

Belchior Torres do Nascimento
23 ANOS
Organizador
'Acredito que atingimos o propósito. As portas da Feclesc foram abertas para a nossa sociedade.'

ALEX PIMENTEL
Colaborador
Diário do Nordeste

Mais informações:
Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc)
R. Epitácio Pessoa, 2554
feclesc@uece.br
(88) 3445.1036 / (88) 3445.1039

domingo, 31 de agosto de 2008

DITADURA VARGAS Cartas libertam preso político





Uma comovente batalha contra a injustiça desperta no curso da história a incansável luta de uma heroína sertaneja

Quixeramobim. Aos 30 de novembro de 1950 a agente do então Correios e Telegraphos de Quixeramobim, Maria Dodó Cavalcante, recebia a confirmação de uma das mais importantes vitórias de sua vida, numa batalha pessoal pela dignidade humana. A rendição havia chegado num telegrama. Nele, o diretor do Presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, anunciava a libertação do último condenado da Era Vargas: “28.11.50. Referência vossa carta informo Demóstenes Gonzales Ferreira, foi solto, estando residindo segundo informação Rua Riachuelo, 214, alto 23, Rio de Janeiro, saudações, Cel. José R. Pessoa - diretor C.A.D”.

Após dois anos de persistente combate no “front” do Poder Federal da época, a telegrafista sertaneja havia conquistado enfim a liberdade do jornalista preso na Colônia Penal Agrícola de Dois Rios, construída no início do século passado, onde foram mantidos prisioneiros políticos da ditadura de Getúlio Vargas. Demóstenes, a esposa e filhos deixavam a carceragem carioca. Ao invés de canhões, dinamites, túneis e invasões, a justiceira nordestina utilizara cartas, dezenas delas, como munição. Afinal de contas sua sensibilidade, a solidariedade e a persistência eram suas armas. Com elas venceu o confronto em prol da liberdade.

Também pudera, na sua estratégia contou com o apoio de um marechal de guerra, nada menos que Eurico Gaspar Dutra. Além de excelente militar era o presidente da República naquele período histórico. Cabia a ele, ao Chefe de Estado sucessor de Getúlio Vargas, a agilidade no indulto ao prisioneiro. O penoso castigo já se estendia há mais de seis anos. O jornalista não era considerado um criminoso perigoso. Alegava estar preso injustamente, sem direito sequer a um julgamento justo. Mesmo assim continuava preso. Ele não se conformava. Nem os simpatizantes de sua causa. Maria Dodó era um deles.

Sentimento de justiça

Nessa época ela se dedicava à família. Acompanhava o marido, Miguel de Paula Cavalcante, funcionário da Inspectorial Federal de Obras Contra as Secas, mais tarde Dnocs, na construção de açudes pelo Interior do Ceará. Estavam em Mombaça, na região Centro-Sul do Ceará, a 295km da Capital, quando o destino trouxe a suas mãos comoventes relatos jornalísticos publicados na revista “O Cruzeiro”. Naquele momento o sentimento de justiça despertou-lhe o coração. Não hesitou. Logo sua primeira carta chegou à capital do “Paiz”, a cidade do Rio de Janeiro.

Sua aflição manuscrita também chegou às mãos do penitente e da esposa, Lys Castanho Gonzales. Passaram a se corresponder. A afinidade com a causa levou os casais a se comunicarem habitualmente, através das cartas. A cada uma delas Demóstenes Ferreira e a companheira demonstravam gratidão. Não somente pelos Cr 200,00 (moeda da época) enviados para minimizar as necessidades na sórdida clausura, como ele mesmo define a situação angustiante e dolorosa na Ilha Grande. A solidariedade e o sentimento de justiça eram mais significantes.

A amizade e a luta se fortaleceram quando Maria Dodó se tornou mãe. Com o primeiro filho para criar e os outros três que viriam a seguir, acabara se acomodando na Vila de Uruquê, distrito de Quixeramobim, no Sertão Central do Ceará. Transformou a simples e aconchegante morada à beira da via férrea no seu quartel general. Os sobrescritos não pararam mais até o dia em que finalmente partiram da Colônia Penal. Desde então dona Dodó não ouviu mais falar deles. De certo ficou apenas a informação oficial de que haviam deixado o presídio.

Nos últimos anos, necessitando de cuidados especiais por conta da avançada idade, tem dificuldades para andar e escrever. Bem diferente dos tempos de mocidade, quando incansavelmente escrevia novamente as carta enviadas para se precaver do dissabor de algum extravio. Não havia copiadoras e nenhum outro meio de reprografar os documentos pessoais. O jeito era repetir tudo à mão, palavra por palavra; linha por linha. Fazia isso habitualmente. Se pudesse, continuaria escrevendo. Quem sabe poderia se corresponder novamente com os amigos distantes. O casal e os filhos Sérgio e Maria Augusta. Ainda tem a esperança de encontrá-los um dia. É guerreira. Não esquece suas memórias de liberdade.

“Nem sempre a história envolta aos movimentos abolicionistas paira sobre grandes heróis e sangrentas batalhas. A sensibilidade, a persistência e o espírito de justiça foram as principais armas utilizadas por esta sertaneja anônima nesta singular batalha pela liberdade”, afirma um dos seus filhos Miguel de Paula. Ele quer, a partir de agora, resgatar toda a saga vivida pela mãe e o amigo distante, por meio de um livro de sua autoria.

ALEX PIMENTEL
Colaborador
Diário do Nordeste