terça-feira, 9 de setembro de 2008
7 de setembro Desfile causa polêmica no Sertão Central
Mudanças no ato comemorativo da Independência do Brasil são questionadas no Interior do Estado
Quixadá. Enquanto a comunidade estudantil aproveitava o fim de semana prolongado, com direito a folga na segunda-feira em recompensa ao esforço físico do 7 de Setembro, nas ruas das duas maiores cidades do Sertão Central, a população ainda discutia o desfile cívico. A apresentação de grupos de dança de rua em Quixeramobim e a participação de adolescentes grávidas em Quixadá, levantaram a polêmica. Alguns avaliavam a transformação da solenidade como um importante espaço para manifestação. Outros repudiavam o que consideram descaracterização da História da Independência.
Após os aplausos a atiradores do Tiro de Guerra, ao Corpo de Bombeiros e aos pelotões de Voluntários Combatentes do Fogo e policiais militares, os espectadores passaram a observar com mais atenção o desfile das escolas, projetos sociais e movimentos independentes. Mesmo com o cadenciar dos tambores, alguns jovens se destacavam. Eram dançarinos de Hip-Hop. Ao invés da marcha ordenada, dançavam literalmente na avenida Cônego Aureliano Mota, no Centro de Quixeramobim. Enquanto eram aplaudidos por outros adolescentes, os mais velhos reprovavam a atitude.
Acostumada a ver a disciplina militar nos desfiles da Capital, a aposentada Ana Lúcia Nogueira, 77 anos, não se conformava com o que via. Balançava a cabeça de um lado para o outro, desaprovando e comentando: “É uma vergonha. Até o dia dedicado à nossa pátria estão transformando num carnaval. Nunca vi coisa assim. Essa gente devia era ter vergonha. Onde já se viu, meninos e moças rolando pelo chão. Nem mesmo os soldados camuflados fazem esse exibicionismo”. O descontentamento aumentou quando o Batalhão dos Excluídos começou a desfilar.
A situação não foi diferente no encerramento das comemorações em Quixadá, onde tradicionalmente a parada é realizada no início da noite. Além dos apelos à preservação do meio ambiente, homenagens ao jovem Rodolfo Lessa, campeão de bicicross que perdeu a vida aos 15 anos, atropelado por um motorista embriagado quando retornava para casa, duas jovens grávidas chamaram a atenção do público. Eram alunas da Escola de Ensino Médio Governador César Cals. Conduziam uma faixa exaltando o Dia do Estudante.
Horrorizado, foi como se sentiu o casal Augusto Benício Ferreira e Maria do Carmo Ferreira. Observavam atentos a passagem das escolas quando se deparam com a cena das gestantes. Consideraram a participação um incentivo à gravidez precoce. Não se conformavam. Não havia motivo para elas estarem ali. “Seria até um risco para os bebês”, reclamou a dona-de-casa. Ela é mãe de duas filhas adolescentes. Confessou que não se sentiria confortável ao vê-las daquela forma, desfilando publicamente. O marido não quis se manifestar.
Espelho social
Segundo o pedagogo Edsom Eugênio de Sousa, um dos organizadores do desfile cívico em Quixadá, o mais importante momento patriótico do Brasil não se resume em marchar e fazer continência às autoridades. Desde que voltadas ao conteúdo pedagógico proposto todas as formas de expressão educacional podem participar dos desfiles. “As escolas representam um espelho social. É nelas que formamos nossos cidadãos e valores sociais. É importante respeitar a liberdade de expressão do nosso povo”.
Na opinião do professor Altemar Muniz, doutor em História do Brasil, os desfiles cívicos no Brasil, principalmente nas cidades do Interior, estão se transformando numa autêntica manifestação social. Embora tenha sido criada na época da ditadura militar, já pelo governo republicano, a tradição militarista iniciada em 1964 enfim está ganhando sua real função. Afinal, a Independência do Brasil foi proclamada por D. Pedro I e com o apoio de seu povo. “Os norte-americanos comemoram em festa o 4 de julho. O transformam num carnaval patriótico”, ressaltou.
ALEX PIMENTEL
Colaborador
UMES EXCLARECE:
Este ano a Umes não participou do desfile do 7 de setembro tendo em vista que a secretaria de educação não convidou, não sabemos qual o motivo que o orgão público não nos convidou ou se a atual secretaria de edução não valoriza mais os parcerios.
Por outro lado a deseorganização do desfile foi sem dúvida a maior bandeira de luta que deve ser vista no proximo ano. As escolas como sempre ainda tenta conserta a falta de inovação nestes desfiles. Nos desfile da Umes sempre apresentamos inovação e tema voltado para a atualidade.
Mais informações:
Prefeitura de Quixeramobim
(88) 3441.1326
Prefeitura de Quixadá
(88) 3414.4695
Municípios do Sertão Central
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