quinta-feira, 25 de setembro de 2008

ENSINO SUPERIOR: Desigualdade racial aumenta

A participação dos negros quase dobrou, mas a diferença em relação aos brancos cresceu em 10 anos

Brasília. Em dez anos, aumentou a desigualdade entre brancos e negros quando se comparam taxas de freqüência e de conclusão do ensino superior dos dois grupos. Em 1997, 9,6% dos autodeclarados brancos e 2,2% dos pretos e pardos de 25 anos de idade ou mais tinham curso superior completo no País.

No ano passado, as proporções eram de 13,4% e 4%, respectivamente. Ou seja, apesar de a participação de negros e pardos ter quase dobrado, a diferença em relação aos brancos aumentou de 7,4 para 9,4 pontos porcentuais no período.

´Os dados refletem a insuficiência dos esforços recentes. Significa que 96% dos negros (com 25 anos ou mais) ignoram o que é universidade. Ainda há muito a ser feito´, disse o professor Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em 2007, a taxa de freqüência para estudantes de 18 a 25 anos que se declararam brancos (19,4%) era quase o triplo da registrada entre pretos e pardos (6,8%). Dos estudantes brancos de 18 a 24 anos, 57,9% estavam no nível superior - a defasagem era maior para pretos e pardos (25,4%).

Paixão avalia que o resultado da Síntese de Indicadores Sociais ´é um reforço para aqueles que falaram sim às cotas´. Mas ressalva que a política pública no setor foi mínima.

A divulgação ocorre no ano em que se completam 120 anos da Lei Áurea, e uma semana após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter mostrado que a população de pretos e pardos (49,7% do total) superou a de brancos (49,4%) no País em 2007. Dos 14 milhões de analfabetos brasileiros, mais da metade (9 milhões) eram negros ou pardos. Em termos relativos, a taxa de analfabetismo da população branca foi de 6,1% para as pessoas com 15 anos ou mais, ante 14% para pretos e pardos, mais que o dobro.

Também foi comparada a participação dos dois grupos na apropriação do rendimento das famílias. A distribuição entre os 10% mais pobres e entre o 1% mais rico mostra que, em 2007, os brancos eram 25,5% do total entre os pobres, e 86,3% dos mais . Já os pretos e pardos representavam 73,9% entre os mais pobres, e apenas 12% entre os mais ricos.

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