sábado, 17 de janeiro de 2009
GENOCIDIO: Drama de Gaza nos blogs
Em meio à guerra entre Israel e o Hamas, que assola a região da Faixa de Gaza, blogs de habitantes da região mostram ao mundo os horrores do conflito armado e indicam uma nova maneira de contar e fazer história. Entre as ruínas e enquanto as forças se enfrentam, pessoas comuns contam seus dramas.
Ouvir uma criança chorar, uma bomba explodir, assistir a exacerbação da estupidez humana em frente à TV parece ser menos trágico do que a realidade expõe. A opinião de um especialista em conflitos entre palestinos e israelenses, às vezes, é a única na telinha que tenta decifrar ao público, que se encontra distante da guerra. E o que dizer quando a voz de um coveiro de Gaza ecoa em milhões de computadores do mundo, através da internet, com a verdade indiscutível de que não existe mais um palmo de terra onde enterrar os mortos da região? Blogs de pessoas que vivem no epicentro do conflito contam diariamente as cenas de terror.
Alheios ao noticiário mediado das redes de notícias internacionais sobre o conflito corrente na Faixa de Gaza, pessoas comuns, civis da região, desabafam para o mundo a tentativa de sobrevivência diária em uma terra sem paz.
Olmar Salman
O coveiro, citado acima, chamado Olmar Salman, foi o entrevistado para um post do blog ´The Angry Arab´ (http://angryarab.blogsp/ot.com), do cientista político libanês As´ad AbuKhalil, que publica notícias diárias de parentes e conhecidos, que vivem o drama de estar em um fogo cruzado.
Meios de denúncia
Com propostas parecidas a esta, centenas de blogs têm tido participação destacada na divulgação de informações sobre o conflito. Em muitos locais de Gaza, a Internet é o único meio de comunicação e tem sido através dela que pessoas de outros países têm tomado conhecimento de fatos que antes não eram possíveis de serem relatados.
O jovem jornalista e voluntário palestino, Sameh Habeeb, tem 23 anos e mora em Gaza. No seu blog, chamado ´Gaza Today´ (http://gazatoday.blogspot.com), ele se compromete a ajudar jornalistas do mundo inteiro com informações que coleta durante a guerra. Em seu estilo, Sameh faz uma lista enumerada dos acontecimentos mais importantes que marcaram cada dia. Em um trecho ele comenta: ´19º dia de israelitas em Gaza: 1- artilharia pesada bombardeou a parte central da Faixa de Gaza. A área foi banhada por dezenas de cogumelos (de fogo) e uma grande nuvem de fumaça cobriu a área. 2-Pesados combates entre soldados israelenses e combatentes palestinos. 3- Caças F16s bombardearam a área de túneis em Rafah e muitas casas ficaram parcialmente demolidas. O fogo entrou em muitas outras´.
Diariamente, Sameh publica mais de 50 pequenas notas e não pára por aí. O jovem utiliza um perfil no Facebook para continuar a denunciar as barbaridades com histórias e fotos, apuradas e feitas por ele. Outra ferramenta que ele usa é o ´Picasaweb´, do Google, para publicar as imagens da guerra para todo o mundo.
Outra ferramenta na Internet que tem sido bastante utilizada por pessoas de Gaza, além de usuários do mundo inteiro que se interessam em discutir a questão, é o Twitter. O microblog, como é conhecido na rede, funciona como uma rede social, onde os usuários se comunicam com pequenas mensagens de até 140 caracteres.
Utilizando-se do Twitter, Laila El-Haddad, habitante da cidade de Gaza, publica quase de hora em hora pequenos ´flashes´ sobre a guerra. Ela compartilha com quase 500 pessoas (´followers´), através do seu perfil intitulado ´Gazamom´ (Mãe de Gaza) as notícias que acredita relevantes. No blog chamado ´A Mother From Gaza´ (http://www.a-mother-from-gaza.blogspot.com), também de sua autoria, ela faz uma mescla de notícias locais com críticas e análises sobre a disputa ideológica e territorial entre palestinos e israelenses. Nomes como George Bush e até o quase unânime, Barack Obama, não são poupados pela mãe palestina.
No perfil da página, Laila mostra um pouco do que é ser mãe em um conflito e ter que viver longe do marido. ´Eu sou uma palestina de Gaza. Sou jornalista. Sou mãe. Sou muçulmana. Esse blog é sobre a tentativa de criar meus filhos em meio a espaços e identidades. Mudança de lugar e ocupação; e tudo que diz respeito ao estúpido treinamento sobre como ultrapassar as fronteiras. Meu marido é uma palestino refugiado que teve seu direito de voltar à palestina negado, assim como o direito de estar com a família.´
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