sexta-feira, 12 de junho de 2009

250 anos de comemorações ao padroeiro de Quixeramobim


Tradição religiosa fortalece devoção dos fiéis nas homenagens ao santo padroeiro de Quixeramobim

São pelo menos 250 anos de novenas, trezenas e celebrações na antiga capelinha da Fazenda de Santo Antônio do Boqueirão, hoje Igreja Matriz de Quixeramobim. Mais uma vez o ritual se repete. Chega ao seu 13º

dia arrastando a religiosidade popular pelas ruas da cidade. Amanhã, é dia de procissão e arreamento da bandeira. “Viva Santo Antônio! Viva Santo Antônio, nosso padroeiro e protetor”, gritam fervorosos os fiéis no encerramento da maior festa religiosa do Sertão Central.

Tamanho entusiasmo não é por menos. Quem tem fé no santo dos pobres lhe atribui outros predicados ou dotes divinos, como preferem os mais religiosos. “Milagreiro sem dúvida, senão a igreja não estava lotada. Casamenteiro dos bons; tenho Deus como testemunha, e festeiro como ele não há de se duvidar, basta olhar ao redor. Tem barracão e chitão pra todo gosto agradar”, comenta Antônia Aparecida Paiva, devota de acender vela de gratidão todos os dias do ano, como ela mesma confessa.

Se depender da herança religiosa passada de pai para filho, de geração em geração, a manifestação popular dos cânticos e ladainhas, que não se aprende nas cartilhas de Roma, haverá de se perpetuar no coração do Ceará, como o mais antigo município da região é conhecido bucolicamente por seu posicionamento geográfico no Estado. Esse é o pensamento do estudante Mauro Ferreira de Almeida. Aprendeu em casa que hoje é dia de “quebrar a tigela”, expressão usada antigamente quando se aguardava o ano inteiro para vestir roupa nova para ir à festa santa.

Hoje, os preparativos demoram bem menos. Começam com a Campanha da Fraternidade, no início do ano. Até o encerramento da programação, sempre iniciada no último dia do mês de maio, cerca de 200 voluntários, divididos em cinco equipes, se revezam no cumprimento das tarefas, desde a segurança dos barracões até a mobilização das freguesias. Segundo uma das organizadoras, Maria do Carmo Ferreira, ou simplesmente “Carminha”, atualmente existem 35 comunidades religiosas no município. “Havia muito mais, eram cerca de 150”, ressaltou.

Mas, na opinião dos próprios devotos, a fé no padroeiro está se fortalecendo novamente. Citam como exemplo a Missa do Vaqueiro, realizada na segunda-feira passada. Pelos números dos organizadores, exatos 206 cavaleiros, de todas as idades, seguiram a galope para a celebração. Praticamente o dobro do ano passado — uma prova expressiva da tradição resgatada faz três anos pela ex-secretária de Cultura do município, Terezinha Oliveira. Damião Monteiro representou os “vaqueiramas” da região. Se estavam ali era porque faziam questão de receber a bênção do santo dos pobres.

De acordo com padre Sérgio de Oliveira, vigário da paróquia de Santo Antônio, esses 14 dias são comemorados com o propósito especial de reanimar a fé e devoção do povo sertanejo. Por meio da animada mobilização é possível se chegar a quem está mais afastado. Ele cita como exemplo os motociclistas. Assim como os vaqueiros, este ano chegaram aos montes. Nos seus quase 20 anos de sacerdócio não lembra de momento tão expressivo.

Padre Sérgio explica ser característico de cada região buscar a sua identidade natural. Se em Barbalha o povo é atraído pelo pau da bandeira, em Quixeramobim o almoço das famílias, logo após o culto do último dia, tornou-se símbolo da acolhida coletiva as santo.

Mais informações:

Paróquia de Santo Antônio de Quixeramobim
Festa do Padroeiro
Programação de encerramento amanhã, (88) 3441.0289

ALEX PIMENTEL
Colaborador
Diário do Nordeste.

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