quarta-feira, 24 de junho de 2009

OPERAÇÃO PIPA: Sargento se recusa a falar sobre denúncias


Inquérito que apura irregularidades em operação pipa no Sertão retorna para o Ministério Público Federal Militar

Quixadá. O 3º sargento do Exército Brasileiro acusado de exigir propina de proprietários dos carros-pipa para trabalharem na Operação Pipa realizada no município de Pedra Branca, se reservou ao direito legal de se manter em silêncio no interrogatório ao qual seria submetido — seu nome continua em sigilo pelo Exército. Ele alegou que só se pronunciará em juízo. A informação foi passada pelo major Neyton Araújo, membro da equipe de investigação do 23º BC, onde o militar denunciado é lotado.

Segundo o major, o promotor de Justiça do Ministério Público Federal Militar (MPFM), Alexandre Saraiva, havia devolvido o inquérito, instaurado a partir de denúncias divulgadas com exclusividade no Diário do Nordeste, para a realização de diligências necessárias ao pronunciamento ministerial conclusivo. Nas últimas duas semanas o sargento apresentou licença médica. Como o MPFM havia dado prazo de 20 dias, uma equipe foi encaminhada à residência do militar. Utilizando as prerrogativas legais previstas na Constituição Federal, ele nada declarou.

Inquérito

Com a estratégia utilizada pelo sargento apontado como articulador do esquema de corrupção, o promotor deverá encaminhar o inquérito à apreciação da Justiça Militar da 10ª Circunscrição Judiciária Militar na próxima semana, sem o completo esclarecimento dos fatos.

O representante do MPFM, responsável pelo acompanhamento das investigações, não foi localizado, mas o assessor do órgão, advogado João Sá, informou que Alexandre Saraiva se decidirá na próxima semana. Poderá optar pela denúncia contra o sargento, realização de novas diligências ou, ainda, arquivamento.

Fortes provas

Entretanto, João Sá confirmou que, apesar do silêncio, existem fortes provas do envolvimento do militar cujo nome ainda é mantido incógnito. A quebra do sigilo bancário é uma delas. Também existem fotografias e outros documentos que podem assegurar a denúncia cujas investigações tiveram início no começo do ano. Na época, o coronel Fernando Loiola — hoje na reserva — comandou os trabalhos que culminaram com a constatação das irregularidades. Os detalhes não foram revelados.

No entanto, o major Neyton Araújo, auxiliar do coronel à época, esclareceu que o suposto envolvido não é o que havia sido citado pelos moradores de Cruzeta, comunidade rural do município de Pedra Branca, onde o escândalo foi registrado.

Por esse motivo, a investigação está sendo realizada com cautela. O militar confirmou porém que, para entrarem no esquema do programa de distribuição de água para famílias afetadas pela seca nos municípios, alguns pipeiros tinham, realmente, que desembolsar parte do ganho com o sargento apontado na irregularidade.

FIQUE POR DENTRO

Caminhoneiros estão sendo investigados

O Comando da 10ª Região Militar ainda não concluiu o processo administrativo quanto às irregularidades praticadas por dez caminhoneiros. Mas o major Neyton Araújo, membro da equipe de investigação do 23º BC, assegurou que a orientação dada ao comando do 40º Batalhão de Crateús, agora responsável pela fiscalização da operação emergencial, é de que não sejam mais cadastrados até deliberação final da Justiça. Por enquanto o programa está parado. A quadra invernosa ainda não encerrou. Mas havendo novamente a necessidade de abastecimento serão cadastrados outros pipeiros, segundo afirmou. A medida será adotada para evitar os transtornos causados aos moradores de Pedra Branca na última estiagem, que ficaram revoltados com o problema.

Matéria extraída do site do Jornal Diário do Nordeste, Carderno regional

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