Quixadá será a primeira cidade do Brasil a contar somente com jovens em projeto de reciclagem de óleo
Quixadá. Uma solução sustentável, para o bolso e para o meio ambiente. Em breve, os mais de 30 mil litros de óleo comestível despejados pelo ralo das moradias e restaurantes do Sertão Central serão transformados em fonte de renda para dezenas de jovens e matéria-prima na produção de biocombustível. Trinta deles estão sendo capacitados para atuarem na primeira cooperativa juvenil do Brasil especializada na reciclagem do óleo de cozinha. Trata-se do projeto “Óleo Limpo”, desenvolvido pela Secretaria de Participação Popular Esporte e Juventude de Quixadá, por meio do programa “Jovens na Economia Solidária”.
Segundo o coordenador do projeto, Clayton Teixeira Silva, até o início de dezembro, os jovens selecionados estarão recolhendo, sistematicamente, o óleo de cozinha nos domicílios e estabelecimentos comerciais da cidade. O produto será processado numa mini-usina que funcionará no bairro do Campo Novo, onde funcionava a Escola Rotary, ou num galpão da Secretaria de Saúde do município. Após o refino, o “óleo limpo” será comercializado com a usina de biodiesel da Petrobras instalada no distrito de Juatama, na zona rural de Quixadá.
Recursos
Os recursos para a implantação da unidade cooperativa de processamento já estão assegurados. A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social disponibilizou R$ 280 mil. Enquanto as máquinas não chegam, uma empresa especializa, a Trilhas, identifica o perfil dos futuros cooperados e os capacita para a atividade pioneira no País. A consultora responsável pela adequação do grupo, Neide Cavalcante, destaca que Montes Claros (MG) e Candeias (BA) já desenvolvem o modelo econômico-ambiental. Entretanto, Quixadá será a primeira cidade brasileira a contar com a participação exclusivamente juvenil na metodologia inovadora.
A especialista explica que o processo consiste na “política do convencimento” e por meio dela a formação de uma imensa cadeia comunitária. Os cooperados baterão de porta em porta. Visitarão as mais de 14 mil residências espalhadas pela cidade. As dezenas de bares e restaurantes também. Todos serão cadastrados e orientados sobre as vantagens ecológicas e sociais da coleta e reciclagem do insumo vegetal utilizado no preparo de alimentos. As escolas e faculdades completarão a rede solidária. Serão estimuladas a se transformarem em animadores do projeto.
Os protagonistas do projeto de economia solidária, na maioria estudantes, apostam na participação de todos para assegurar a coleta da matéria-prima e com ela a viabilização do negócio. Contam como certa a venda de toda a produção para a Petrobras Biodiesel. A usina de Quixadá necessita de pelo menos cinco milhões de litros de óleo vegetal por mês. O valor médio de compra do litro está estimando em R$ 1,20. Os custos com o processamento do óleo de cozinha ainda não foram levantados, mas estimam boa rentabilidade.
Excelente
A empresária Altanir Lopes Carvalho, proprietária de um dos restaurantes mais movimentados na região, o Sabores do Sertão, vê a iniciativa como uma excelente alternativa. Enquanto ajuda os jovens e o meio ambiente, se livra do refugo culinário que atualmente tem como destino a alimentação de suínos. Ela espera que outros profissionais do ramo também colaborem.
Altanir avalia, ainda, o interesse das donas de casa como crucial para o sucesso deles. Entretanto, ela pondera: “a coleta tem que ocorrer pontualmente, do contrário, nem todos terão a paciência de esperar. Se livrarão do óleo de qualquer jeito”, lembra.
ALEX PIMENTEL
Colaborador
FIQUE POR DENTRO
Transformação do óleo em energia renovável
A transformação do óleo de cozinha em energia renovável começa pela filtragem. Todo o resíduo deixado pela fritura e retirado do líquido. Logo depois é a vez de extrair a água misturada ao produto que está sendo reciclado. Dependendo do tipo, será necessária uma purificação química. Somente por meio dela os últimos resíduos são retirados. O óleo fica ´limpo´, recebendo, em seguida, a adição de álcool e de uma substância catalisadora. Despejado numa centrífuga e agitado a temperaturas específicas, transforma-se em biocombustível. O óleo de cozinha reciclado também pode ser utilizado na produção de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina e, ainda, ração para animais.
ENQUETE
Qual a importância do projeto óleo limpo?
Clayton Teixeira Silva
24 ANOS
Coord. do projeto
Estamos dando um importante passo ecológico e econômico na nossa cidade. Espero que todos colaborem.
Neide Cavalcante
34 ANOS
Consultora
Os jovens são capazes de superar qualquer desafio. Necessitam apenas de orientação e capacitação.
Danilo Holanda
19 ANOS
Estudante
Não é todo mundo que pode participar de um projeto assim. Enquanto colaboramos para o bem, podemos lucrar.
Amanda Teles de Paiva
19 ANOS
Estudante
Temos uma tarefa difícil pela frente. Não é fácil convencer as pessoas sobre a preservação do meio ambiente.
Mais informações:
Secretaria de Participação Popular Esporte e Juventude de Quixadá
(88) 3414.6856
Trilha - Soluções Integradas
(85) 3219.0028
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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