domingo, 10 de maio de 2009

Estudantes do colégio GVA dão lição de cidadania em Quixadá

Quixadá. Neste município, a lição de solidariedade vem de pequeno. São os alunos do Ginásio Valdemar Alcântara (GVA) que arrecadam alimentos para famílias carentes do vizinho município de Choró. Pelo menos 50 delas necessitam do amparo. As famílias perderam as plantações e os rebanhos para as chuvas. Na sala de aula, os estudantes aprendem alguns dos importantes ensinamentos das Irmãs Escolares de Nossa Senhora na tradicional unidade de ensino, fundada em março de 1950. A solidariedade é um deles, lembram as diretoras, Irmãs Adelaide Ganbim e Raimunda Saraiva.

Com esse espírito, os estudantes do GVA arrecadaram mais de 500 quilos de comestíveis e dezenas de peças de roupas na semana passada. Ao receber as doações, o pároco de Choró, Adalberto de Lima, se sensibilizou com a solidariedade dos jovens. Chorou e agradeceu. Partiu na certeza de que o sofrimento de muitas famílias diminuirá com o nobre gesto.

Enquanto o Governo do Estado não decreta estado de emergência no município, com o auxílio de centenas de doadores e voluntários, ampara os mais necessitados.

A viúva aposentada Maria Luiza Silva, 92 anos, é uma das necessitadas. Ela viu a casa, a plantação, a colheita e as 12 cabeças de gado, todo o seu patrimônio, ser levado pela enxurrada em 19 de abril, no distrito de Caiçarinha, zona rural de Choró. Abrigada numa escola da cidade, aguarda somente o sol secar a terra para retornar. Está decidida a recompor os hábitos diários. “A chuva passa. Toda chuva passa. A fé, a esperança e o auxílio de pessoas de coração fortalecem a gente a continuar a vida”, afirma decidida.

Ao saber da campanha promovida em parceria com os radialistas, a diretora do GVA disponibilizou o espaço escolar para as doações. A mobilização deve continuar entre os estudantes. Alguns pretendem até participar da maratona de forró. Se depender deles, nenhum cearense passará fome por causa das chuvas. Sugerem que além de arroz e feijão as pessoas doem agasalhos e roupas. Muitos escaparam das águas somente com a roupa do corpo. Veêm todos os dias nos jornais e na televisão a dimensão do sofrimento que aumenta com as chuvas.

Nas salas de aula, professores e alunos ensaiam um dos mais belos e realistas hinos do povo nordestino: Oh! Deus, perdoe este pobre coitado / Que de joelhos rezou um bocado / Pedindo pra chuva cair sem parar / Oh! Deus, será que o senhor se zangou / E só por isso o sol se arretirou / Fazendo cair toda chuva que há...

Alex Pimentel
Colaborador
Diário do Nordeste
Manchete: Diário Central

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