Lula diz que não pensa em voltar à política

Lula criticou o ex-presidente FHC e disse que não pretende candidatar-se a nenhum cargo após seu mandato

Recife. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que não pensa em voltar para a política após o seu mandato no Palácio do Planalto acabar, em dezembro de 2010. Em entrevista a um programa de rádio em Pernambuco, o presidente ainda fez críticas indiretas ao tucano Fernando Henrique Cardoso ao afirmar que tem ‘‘(ex) presidente que fala demais’’.

‘‘Eu não acho que um presidente da República tenha que imediatamente voltar para a política. Eu acho que ele tem que ficar fora, tem que fazer uma reflexão. Eu não tenho vontade de ser deputado, não tenho vontade de ser senador[...]. Eu não estou pensando em voltar para a política não’’, afirmou Lula.

O presidente, que viu a aprovação ao seu governo cair de 70% para 65% — segundo pesquisa Datafolha — foi a Pernambuco para inaugurar uma fábrica da Sadia em Vitória de Santo Antão. Ao comentar o que pretende fazer após o fim do mandato, Lula também criticou o fato de ex-presidentes se meterem em seu governo. ‘‘Eu acho que agora, ao sair, eu tenho que ensinar como é que se comporta um ex-presidente da República: nunca dar palpite sobre o futuro presidente. Nós temos que entender que se o povo elegeu, o povo tem que deixar ele trabalhar’’, afirmou.

Questionado se achava que FHC estava falando demais, Lula apenas disse que tem ‘‘presidente que fala demais’’. O tucano é critico costumas do governo federal.

Lula voltou a defender que investimentos podem combater os efeitos da crise financeira internacional. O presidente afirmou que acredita que o pior já passou. ‘‘Nós temos que trabalhar com a certeza de que vamos ter um segundo semestre muito melhor’’, afirmou. Lula disse ainda que o Brasil ‘‘não tem que ter medo de crise’’. ‘‘Isso é como uma gripe. Num cabra muito fino, deixa ele de cama. Num cabra macho, ele vai trabalhar e não perde uma hora de serviço’’, comparou.

DISCURSO
Presidente promete ajudar municípios com investimento

Vitória de Santo Antão. O presidente Lula prometeu ajudar as prefeituras a terem ‘‘um mínimo de capacidade de investimento’’, ao se referir à queda na receita do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). ‘‘Isto é um problema’’, afirmou, em discurso em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. ‘‘Se a prefeitura não estiver bem, o povo não estará bem’’, declarou.

Lula reconheceu que ‘‘os prefeitos estão agoniados porque está diminuindo’’ o FPM, mas disse estar atento à questão. De forma didática, ele afirmou para a platéia que ‘‘se cai a receita do governo federal, cai a receita do governo estadual e cai a receita do município’’. Porém, ele não explicou de que maneira irá agir para promover esse ‘‘mínimo de capacidade de investimento’’ das cidades. Limitou-se a dizer que ‘‘se cada prefeitura tiver (essa capacidade), vai facilitar a vida do governador, que vai chorar menos para o presidente, o que também vai facilitar a vida do presidente e vai sobrar dinheiro para fazer as coisas’’.

RESPOSTA A CRÍTICAS
Lula volta a defender o programa Bolsa Família

Vitória de Santo Antão. Ao rebater as críticas do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o presidente Lula voltou a defender o programa Bolsa Família, que atende a 11 milhões de famílias em todo o país. Vasconcelos havia dito de que o Bolsa Família é o ‘‘maior programa oficial de compra de votos’’.

‘‘Tem gente que fala mal do Bolsa Família. São R$ 80, R$ 90, R$ 95, R$ 65 e tem gente que acha ruim. Tem gente que fala que é esmola. Eu acho que para o cidadão que pode entrar em um hotel cinco estrelas e pode dar de gorjeta, depois de tomar os seus uísques, R$ 100 não é nada. Mas dê R$ 100 na mão de uma mãe para você ver a multiplicação dos pães que ela faz’’, disse o presidente durante discurso em Vitória de Santo Antão.

No discurso, o presidente lembrou que 52% dos beneficiários do Bolsa Família são do Nordeste. Segundo ele, são quase 6 milhões de famílias, ou seja, 44% do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Social vai para o Nordeste