sábado, 20 de dezembro de 2008

CONTRA O POVO: Lula volta a rejeitar reeleição

O presidente considerou a proposta absurda e disse que ex-presidente tem que ficar quieto no seu lugar

Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que “não se deixa seduzir” pelos altos índices de popularidade que vêm alcançando nas pesquisas e mais uma vez descartou a idéia de reeleição, classificando-a de “absurda”. Ao falar sobre reeleição durante café da manhã com jornalistas, Lula disse “não trabalho com essa hipótese absurda de sair agora e voltar em 2014. Juscelino Kubitschek pensou que ia voltar e não voltou”.

Sobre a sua popularidade, o presidente afirmou não me deixo seduzir. ´Meu ego não cresce um milímetro. Se o ego subir, pode bater o desespero quando cair”, disse, referindo-se ao resultado de pesquisas que apontam que ele vem batendo recordes de popularidade.

Ele também garantiu que ´jamais´ vai se candidatar a qualquer a cargo político depois do final de seu mandato. “Acho que o ex-presidente tem que ter a dimensão do cargo que já exerceu. Não pode ficar disputando cargo”.

Segundo Lula, o papel de um ex-presidente é ficar quieto e não dar palpites. “Ex-presidente não deve dar palpite sobre o governo. Só deve falar se for consultado. Todo ex-presidente tem muito telhado de vidro”. E completou: “O ex-presidente dará uma contribuição extraordinária se souber ficar quietinho”, considerou.

Lula também falou sobre o exercício da Presidência da República. “Dizem que é espinhoso, envelhece, dá cabelo branco, mas todo mundo quer. Quem está aqui não quer sair”, disse, em tom bem-humorado.

Sapatada

Lula não se negou a responder a nenhuma pergunta. Instado pelos repórteres, o presidente brincou com o episódio do jornalista iraquiano que atirou um sapato contra o presidente George Bush. Ele comparou o inusitado do episódio a uma pergunta feita pela jornalista Sônia Carneiro, no início da década de 90, ao ex-presidente Fernando Collor. Na ocasião, havia rumores de que ele estivesse com Aids, e Soninha, como é conhecida, foi direto ao assunto, perguntando a Collor se ele havia contraído a doença. Collor negou.

Questionado em quem daria uma sapatada, Lula riu, e respondeu que em ninguém. Mas provocou os repórteres:— Acho que, a partir de agora, o risco é ter alguém querendo dar sapatada em repórter que faz pergunta inconveniente — afirmou, observando em seguida que, de agora em diante, alguns presidentes darão entrevistas atrás de um vidro blindado. Sugeriu que a indústria passe a produzir sapatos com cheiro bom e menos pesado.

SUCESSÃO DE 2010
Candidatura de Dilma ainda não está definida

Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem que, apesar de já ter feito diversas insinuações a respeito, ainda não se definiu sobre a indicação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para ser a candidata governista a sua sucessão em 2010. Lula voltou a dizer que ainda não conversou com a ministra sobre o assunto e, embora não tenha citado nenhum outro aliado, disse que o PT conta com outros diversos potenciais candidatos.

´Quando eu sentar com ela, vai ser uma coisa definitiva. O que não falta é nome.´ O presidente ressaltou que pretende evitar discutir a sucessão durante o ano que vem, quando privilegiará a inauguração de obras. Lula ressaltou que essa será uma oportunidade para a ministra se tornar conhecida pelos eleitores que ainda não sabem quem é a chefe da Casa Civil. Segundo pesquisa CNT/Sensus, divulgada nesta semana, Dilma não é conhecida por cerca de metade da população brasileira.

´A Dilma tem todo o tempo do mundo para ficar conhecida. Ela é uma pessoa extremamente gabaritada para a função´, destacou. Para Lula, a antecipação do debate sobre a eleição de 2010 só interessa à oposição. ´O governo não vai aceitar campanha no ano que vem´, explicou.

Em relação à disputa pelas presidências do Congresso, o presidente fez críticas veladas ao PMDB do Senado, a quem acusou de ´atirar para todo o lado´, e à quantidade de candidatos governistas para a presidência da Câmara.

´O jogo estava dado. Todos ganharíamos com isso´, disse, em referência às candidaturas do senador Tião Viana (PT-AC) e do deputado Michel Temer (PSDB-SP). ´Se a gente pulverizar muito, a gente vai complicar a política.´

Sobre a situação na Câmara, onde os governistas Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Ciro Nogueira (PP-PI) e Osmar Serraglio (PMDB-PR) também tentarão conquistar a presidência, Lula foi além. ´Não podemos incorrer no mesmo erro, quando a falta de bom senso causou a eleição do deputado Severino Cavalcanti´, afirmou, recordando 2005, ano em que a falta de unidade da base possibilitou a eleição de um parlamentar mais ligado ao chamado baixo clero da Casa.

´O eleito tem que ter a respeitabilidade das pessoas que vai liderar´, acrescentou. Lula considera que a candidatura à reeleição de Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) à presidência do Senado é inconstitucional. A atual legislação proíbe que um parlamentar ocupe duas vezes a presidência de qualquer Casa na mesma legislatura.

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