segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quixadá tem verdadeira “cracolândia”

Quixadá. O diagnóstico policial referente a drogas e violência expõe a situação enfrentada no mutirão do Campo Velho, em Quixadá. Naquela área, onde vivem aproximadamente 800 famílias, foram identificados 18 pontos de vendas de drogas. Em algumas ruas, estreitas, há inclusive concorrência entre traficantes. Eles mantêm pouca quantidade da mercadoria ilegal em seu poder. Associada ao silêncio da vizinhança, a estratégia dificulta ainda mais a repressão. Atuam numa nova modalidade de tráfico, o doméstico. Crianças e adolescentes atendem à “fiel clientela”.

O movimento se acentua quando escurece. Basta aguardar um pouco para começar a ouvir o estalado característico do consumo da “nóia”, como o crack é conhecido pelos usuários. Reúnem-se em grupos, de quatro a oito. Fogem ao primeiro sinal de ameaça, mas deixam o rastro pelo chão. Latinhas de refrigerantes, amassadas, com minúsculos furos na superfície achatada. São utilizadas como cachimbo para inalação da fumaça entorpecente.

Por conta da rotina, o lugar passou a ser conhecido como “Cracolândia do Sertão”. Não é difícil perceber a comparação com o famoso ponto de consumo no Centro de São Paulo. As cenas são praticamente as mesmas. Pequenos grupos reunidos nas esquinas. Aguardam o movimento diminuir na rua. Logo depois, estão acocorados entre os lajedos, sugando o vício pela boca. Utilizam como esconderijo as rochas monolíticas que cercam a comunidade.

Em Tauá o consumo de drogas também começa a se acentuar. O maior índice é registrado no Bezerra e Sousa, um bairro da periferia. Do ponto de vista do delegado Marcos Sandro Lira, a situação na “Terra do Barro Amarelo” não é tão crítica como noutra cidade onde já atuou, Aracati, impulsionada pelo constante fluxo turístico e festas de época, principalmente o Carnaval. O número de viciados flagrados em Tauá é quase zero. A prisão de traficantes também.

Ainda na região dos Inhamuns, Crateús é apontada pela mídia local como área de risco. O foco do problema está mais centrado na zona rural, no distrito de Montenebo, nos limites com Nova Russas, onde a distância dificulta a intervenção policial. Segundo o delegado Abelardo Correia Lima, a situação é considerada tranqüila no município. Ele ressalta que atende a outras oito cidades da região. A exaustiva jornada prejudica o acompanhamento específico de Crateús.

Na maioria dos municípios, policiais atribuem o agravamento do problema às festas públicas com shows. A sensação é de que são verdadeiras “Sodomas sertanejas”.

Fonte: Diário do Nordeste

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