terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mortalidade infantil diminui 58,23 % no Ceará

A região Nordeste apresentou um declínio na taxa de mortalidade infantil de 50,21%, maior do que a média do País

O Ceará foi o Estado brasileiro com maior redução da taxa de mortalidade infantil (óbitos de menores de um ano de idade para cada mil nascidos vivos): 58,23%, entre 1991 e 2007. Em1991, a média de mortes era de 71,10% e, no ano passado, esse percentual caiu para 29,70%. Os dados são do estudo “Tábua de Vida”, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

No Nordeste, a diminuição foi de 50,21%, sendo a maior entre as cinco regiões do País. Ela, inclusive, foi superior à média brasileira de 46,18%. Depois do Ceará, o segundo estado com maior queda na taxa de mortalidade foi o Piauí, com 54,44%, seguido por Roraima, com 53,30%.

Entre 2007 e 2015, conforme projeção do IBGE, a taxa de mortalidade no Ceará será de 22%, que representará uma queda de 25,93%. Esses indicadores não são à toa. No Estado, em 2006, o Ceará já havia apresentado uma redução de 56,7%, de acordo com o “Caderno Brasil”, lançado pelo Fundo das Nações Unidas (Unicef), em janeiro último. Até 2008, a mortalidade de crianças com menos de um ano foi de 16,1 para cada mil nascidos vivos, conforme Manoel Fonseca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Média essa que, segundo a presidente da Sociedade Cearense de Pediatria, Regina Portela, já foi de 106 mortes para cada mil nascidos vivos, em 1986. Conforme Fonseca e Regina Portela, os resultados alcançados são justificados, principalmente, pela ação dos agentes comunitários os quais, há cerca de dez anos, iniciaram um trabalho de conscientização de que a desidratação, oriunda da diarréia, era a maior causa de morte.

“A população começou a entender que a desidratação mata e que com medidas simples, como a ingestão de líquido, o soro caseiro e cuidados com a higiene eram eficazes. Além disso, começaram a se preocupar com o cansaço, a dificuldade de respiração e a tosse que podiam ser sinais de pneumonia”, argumenta a pediatra.

Conforme Fonseca, a diarréia e a pneumonia, portanto, eram as grandes causas da mortalidade infantil no Estado. “Quando se facilita o uso do soro, impede que as crianças morressem por desidratação da diarréia, até mesmo se tratando em casa, ou dá pelo menos condições para que elas conseguissem chegar aos hospitais”, avalia Manoel Fonseca. Além disso, como complementou, sendo a pneumonia a segunda causa de óbito, o reforço dos profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) também funcionaram nesse sentido.

Agora, como reconhecem Manoel Fonseca e Regina Portela, ainda há desafios para serem enfrentados em relação à mortalidade infantil. Identificada como “causas de mortes perinatais”, elas são as que mais matam. Essas complicações ainda envolvem as causas da mortalidade materna, que, hoje, matam no Estado 73,1 em 100 mil, enquanto a Organização Mundial de Saúde preconiza 15 mortes para 100 mil.

CONTINUIDADE DAS AÇÕES - Causa perinatal ainda é desafio

Apontadas, atualmente, como o maior desafio da mortalidade infantil, as chamadas “causas perinatais de morte” podem atingir as crianças desde a 28ª semana de gestação até os primeiros sete dias de vida. De acordo com Manoel Fonseca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, elas se configuram como a maior causa de morte no Estado e podem ser evitadas com a melhora na qualidade do pré-natal oferecido e da assistência médica na sala do parto.

Conforme a pediatra Joana Maciel, coordenadora dos Centros Integrados da Unimed, é preciso que a mãe realize, no mínimo, seis consultas durante os nove meses, a fim de que o acompanhamento profissional possa resultar no diagnóstico precoce de algumas doenças. Além disso, há a necessidade da assistência na sala do parto, para que os filhos das pacientes com gravidez de risco sejam assistidos imediatamente.

Como cita Regina, a desnutrição materna, a gravidez na adolescência e o parto prematuro são exemplos de fatores de risco que fazem com que, ao nascer, a criança precisa ser examinada por um pediatra. Aliado a isso, Regina acrescenta que é preciso ter disponível UTI neonatal de qualidade.

NÚMEROS

46,18% foi a redução da taxa de mortalidade infantil no País, entre 1991 e 2007
45,19% foi a taxa brasileira em 1991. Em 2007, esse número reduziu para 24,32%
50,21% foi o declínio da causa da morte, durante os 16 anos, na região Nordeste
71,50% era a média de mortalidade apresentada pelo Nordeste em 1991
35,60% foi a taxa apresentada na região durante o ano passado
58,23% foi a diminuição na mortalidade infantil no Ceará, em 16 anos
71,10% era taxa de mortalidade em 1991, no Estado do Ceará
29,70% foi a média registrada no Ceará em 2007

JANINE MAIA
Repórter

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