segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

SAÚDE EM QUIXADÁ: Exames estão comprometidos



Exames especializados ficam prejudicados com a falta de recursos. Pacientes mais graves são levados a Fortaleza

Quixadá. O pólo de saúde pública do Sertão Central, sediado em Quixadá, carece de recursos e equipamentos para a realização de exames especializados. Além das dificuldades econômicas, parte dos aparelhos utilizados são alugados. Existem filas para mamografia e tomografia. Nesse último, mais de 200 estão na lista de espera. Os casos mais graves são enviados para Fortaleza. A situação piora nos fins de semana. Vítimas de traumatismo crânio-encefálico (TCE), decorrentes de acidentes de trânsito, morrem a caminho da capital.

O único tomógrafo existente na região pertence ao Hospital Maternidade Jesus Maria José. Atende a 10 municípios. A verba repassada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não é suficiente. Os casos de TCE são superiores a 50%. Alguns exames chegam a custar R$ 400. O repasse mensal disponibilizado pelo SUS não é superior a R$ 5 mil. Segundo o diretor administrativo do hospital, Rafael Porto Cabral, não cobre nem as despesas com técnicos, operadores, energia e manutenção. Somente uma ampola utilizada na maquina, comprada recentemente, custou R$ 50 mil.

A espera pelo exame dignóstico de imagem chega há seis meses. A alternativa é utilizar o critério de risco. Os pacientes estão sendo encaminhados somente após a constatação do grau de sofrimento, por meio de avaliação clínica. As crianças e idosos têm preferência. A média mensal de atendimentos chega a mais de 50.

O SUS disponibiliza para Quixadá apenas 19 exames por mês. “O restante é pago com recursos do próprio município”, explica a auditora e coordenadora e controle e avaliação, Francimeire Amorim. Quem necessita prevenir ou detectar o câncer de mama também precisa de paciência. A demora para realizar o exame é menor. Não passa de 30 dias.

Mas a coordenadora da Central de Regulação de Exames, Ana Margarete Pinheiro, alerta para o aumento considerável da demanda. Ultrapassa 480 por mês. Para a correta aplicação das políticas públicas de amparo à mulher, na prevenção da doença, se faz necessária a duplicação do número de atendimentos. Nos outros tipos de exame os pacientes são encaminhados para Fortaleza. Diariamente, um microônibus transporta 24 deles.

Na opinião da coordenadora de regulação, parte desse vai-e-vem poderia diminuir se a população abdicasse da cultura de que “sendo de graça tomam até injeção na testa”. Aguardando a correta orientação médica, pelo menos 30% delas não seriam necessárias. Sofrem mais, desnecessariamente.

Segundo a secretária de Saúde de Quixadá, Ivonete Dutra, a maioria desses problemas serão resolvidos quando os governos Estadual e Federal passarem a efetivar regularmente a transferência de recursos para a Saúde, como estabelece a Emenda Constitucional Nº 29. A norma federal estipula o repasse de 10% da União, 12% dos Estados e 15% dos municípios. Apenas estes últimos estão cumprindo. No caso de Quixadá, os 18% destinados à assistência da população não são suficientes. Nos municípios vizinhos, a situação é igual.

Pelos cálculos da secretária Ivonete Dutra, para o atendimento satisfatório aos municípios que formam o pólo do Sertão Central será necessário o repasse de R$ 50 mil mensais. Atualmente, Quixadá recebe R$ 20 mil. Ela ressalta a recente liberação de R$ 22,6 milhões para o Ceará como um alívio para o setor. A maior parte será destinada à aplicação de exames, principalmente no diagnóstico do câncer de mama.

SAIBA MAIS

Abrangência

O pólo de atendimento do Sertão Central abrange as cidades de Quixadá, Quixeramobim, Banabuiú, Choró, Ibaretama, Ibicuitinga, Milhã, Pedra Branca, Senador Pompeu e Solonópole

Consultas

Cada município marca as consultas por meio do portal da Secretaria de Saúde do Estado, em que os pacientes ficam sabendo o dia e local do exame

Mais informações:

Secretaria de Saúde de Quixadá
(88) 3412.3245
quixadasaude@hotmail.com
Ministério da Saúde
0800.61 1997

Alex Pimentel
Colaborador

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