sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Desigualdade: atinge 170 municípios do CE

O Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003, DVD lançado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retrata a triste situação das populações da Região Nordeste e do Ceará a partir do consumo por pessoa. No Nordeste, 77,1% dos municípios - 1.377 - tinham mais da metade da sua população vivendo na pobreza. Desse total 170 são cearenses. Além disso, 125 dos 184 municípios do Estado têm alta taxa de desigualdade.

De acordo com a economista Isabel Cristina Martins Santos, da equipe técnica do estudo, a situação da Região Metropolitana de Fortaleza é um pouco melhor. Em 2003, 43,2% da população era pobre, podendo esse percentual variar de 32,6% para 53,7%. Outros 13,1% da população estavam em situação de indigência - com consumo total por pessoa abaixo de R$ 82,95%/ mês. Nesse caso o estudo, que está sendo realizado pela primeira vez, aponta variação de 6,5% a 19,7%.

A economista destaca que o Mapa da Desigualdade tem mais de 400 indicadores como taxa de pobreza, grau de desigualdade (serveridade da pobreza e hiato de pobreza (distância média do consumo dos mais pobres em relação à linha de pobreza). Além da distribuição espacial da pobreza no País, representada nos mapas, foi possível identificar que 32,6% dos municípios brasileiros, em 2003, tinham mais da metade de sua população vivendo na pobreza absoluta.

Desiguais
Em relação à desigualdade (medida pelo índice de Gini) foram selecionados os municípios mais desiguais (40,7% dos municípios), que apresentavam estimativas acima de 40% para esse indicador.

As regiões com menores proporções de municípios com mais de 50% de pobres foram as que apresentaram os maiores índices de desigualdade. O Nordeste apresentou quase 80% dos municípios na pobreza, porém a desigualdade era menos intensa. Segundo o IBGE, a tendência de concentração de maior incidência da pobreza é em municípios de menor porte. Já a desigualdade é maior nos municípios mais populosos. No caso extremo estavam os 13 municípios brasileiros com mais de um milhão de habitantes: não havia município com mais de 50% de pobres, mas a desigualdade acima de 40% abrangia todo o grupo.

O estudo também mostra a pobreza absoluta que é medida a partir de critérios definidos por especialistas que analisam a capacidade de consumo das pessoas. É considerada pobre aquela pessoa que não consegue ter acesso a uma cesta alimentar e de bens minimos necessários a sua sobrevivência. No Ceará seriam aqueles que consumiam, em 2003, abaixo de R$165,89/mês.

O Mapa da Pobreza mostra que a medida subjetiva de pobreza é derivada da opinião dos entrevistados, e calculada levando-se em consideração a própria percepção das pessoas sobre suas condições de vida. No Norte e Nordeste, mostra o estudo, a percepção da pobreza foi, no geral, superior ao resultado observado pela linha absoluta. No Sul ocorreu o oposto, as pessoas se percebiam menos pobres do que foi medido pela pobreza absoluta. No Sudeste e Centro Oeste, houve uma maior proximidade entre as duas medidas. (com agências)


E-MAIS

- No Ceará, os municípios de Penaforte (Cariri) e Guaramiranga (Maciço de Baturité) têm o mesmo índice de pobreza, 53,4%. Mas o hiato de pobreza, a distância para sair dessa condição, é um pouco diferente. Em Penaforte é de 22% e Guaramiranga, 20%.

- O DVD traz uma vasta coleção de mapas com temas diversos que podem servir de apoio às análises da pobreza e da desigualdade: Economia, População, Educação, Saúde, Domicílio e Saneamento Básico; Físico, Político, Recursos Naturais e Meio Ambiente, Indústria e Serviços, Agropecuária, Urbanização e Infraestrutura. Cada tema é subdividido, resultando em mais de 400 mapas.

- O Mapa da Pobreza utilizou as informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 para, com base no gasto per capita domiciliar, imputar informações equivalentes para os domicílios do Censo Demográfico 2000 para propiciar a estimação de medidas de pobreza e desigualdade. A utilização deste método permite calcular a pobreza e a desigualdade em pequenas áreas, bem como avaliar a precisão das estimativas. Neste trabalho são geradas estimativas de pobreza e desigualdade para os municípios brasileiros, em 2003. O mapa foi produzido pelo IBGE em parceria com o Banco Mundial.

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