Apesar da crise, sobram vagas no setor de TI

Mesmo em clima de crise e demissões, o setor de tecnologia oferece boas oportunidades aos profissionais da área

Enquanto boa parte dos setores da economia começa a promover demissões, por conta de dificuldades em decorrência da crise financeira internacional, o segmento de prestação de serviços de tecnologia da informação (TI) tem vagas em aberto que ainda não consegue preencher.

A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) acredita que existem cerca de 30 mil vagas em aberto no segmento de software e serviços, tanto para o mercado interno como para o externo, e não espera encolhimentos, especialmente no que se refere à exportação de serviços, em 2009.

A gigante de informática IBM ainda não tem indicações de como será o seu ritmo de contratações em 2009, já que isso depende dos contratos de exportação que fechar, mas destaca que foram 3 mil admissões em 2007 e as 1,5 mil previstas para 2008 foram alcançadas em agosto daquele ano. Em relação a 2005, o número de empregados da IBM no país já saltou mais de 50% e chegou em 2008 a 15,4 mil pessoas.

‘‘Em meados de dezembro, tínhamos 140 vagas em aberto’’, cita Edson Luiz Pereira, executivo de parcerias educacionais da IBM Brasil, responsável por costurar os acordos que darão ao profissional graduado nas universidades o perfil mais adequado às necessidades do mercado.

‘‘A crise pode ser, de repente, uma oportunidade para o Brasil, já que a terceirização é uma forma de reduzir custos’’, disse também Ruth Harada, diretora de cidadania corporativa da subsidiária da IBM. O Brasil é considerado um país com bons profissionais, está em um fuso horário relativamente favorável e o custo da mão-de-obra não é dos maiores, apontam os executivos da IBM.

O presidente da Brasscom, Antonio Carlos Gil, também acrescenta que ‘‘a curva de crescimento da TI é quase independente da curva da economia’’. Segundo ele, em tempos de recessão as empresas precisam de TI para controlar gastos e, em época de aceleração, usam a TI para gerenciar o crescimento, afirmou.

Vagas em aberto

A estimativa da Brasscom é que sejam gerados entre 40 mil e 50 mil postos de trabalho na área de tecnologia este ano no país, dentro de uma projeção de que 100 mil novas vagas sejam criadas entre 2009 e 2011. ‘‘Se incorporarmos as vagas em call center, estamos falando em mais 50 mil vagas’’, afirmou Carlos Gil.

Mais de 80% das contratações da IBM Brasil são para exportação de serviços, segundo Edson Luiz Pereira. Por isso, o desafio da empresa é ter o profissional qualificado na velocidade exigida pelo cliente. ‘‘Às vezes perdemos contratos porque não conseguimos montar a equipe na velocidade que o cliente quer’’, cita Pereira. Se uma companhia quer um time de 150 especialistas em banco de dados que comece a trabalhar em um mês, por exemplo, nem sempre a IBM consegue formá-la a tempo.

Segundo executivo de parcerias educacionais da IBM, as universidade fornecem um número considerável de profissionais, mas eles saem dos bancos acadêmicos ‘‘muito generalistas’’, enquanto o mercado precisa de especialistas, com certificados.

Enquanto não se adequa a grade curricular das universidades a esse tipo de exigência, a companhia empregadora é que tem de adaptar o funcionário à necessidade. ‘‘A empresa gasta dois a três meses para formar o profissional’’, afirma Edson Luiz Pereira. Em parcerias com um grupo de cerca de 700 instituições de ensino do Brasil, a IBM pretende incentivar a obtenção de certificados ainda na graduação, assim como estimular que o domínio do inglês técnico seja fortalecido desde o nível médio de ensino.

MAIS DE MIL EMPREGOS
Ceará continua com boa demanda por contratações

O cenário de pessimismo e de rumores de demissões não atingiu as empresas cearenses do setor de tecnologia da informação (TI). O setor no Estado, composto por cerca de 600 empresas, ainda tem pelo menos 1.200 vagas não preenchidas para profissionais qualificados, segundo estimativa feita por Francisco Baltazar Neto, presidente do Instituto Titan — entidade que congrega 19 das principais empresas cearenses de tecnologia.

O setor de TI aposta no fato de que a crise exige das empresas em geral uma nova abordagem de gestão, o que gera uma boa demanda para as ferramentas de software e soluções de TI. ‘‘Para nós, a crise é sinônimo de novas oportunidades de negócios. O setor de TI cresce. A crise vem ao encontro da inovação’’, diz Baltazar. O presidente do Titan afirma que somente em sua empresa, atualmente com 67 profissionais, há espaço para ampliação de 15% no quadro de pessoal.

De acordo com Baltazar Neto, o perfil de profissional hoje cobiçado pelas empresas de tecnologia no Ceará envolve a especialidade em linguagens avançadas (como Java), software livre e customização de aplicativos.

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