A avaliação oficial da cúpula sobre o 9º Fórum Social Mundial, que se encerra neste domingo (1º) em Belém (PA), deve acontecer em reuniões nesta segunda e terça (2 e 3), mas, em declarações e impressões durante o evento, o que se viu foi que sobrou adesão da população local e faltou organização dos responsáveis pela edição paraense, que quer pensar e propor "um outro mundo possível". Balanço do fórum
"A escolha de Belém foi acertada. Gostei muito da participação entusiasmada dos jovens. Parece que os movimentos sociais se enraizaram no Pará", declarou Cândido Grzybowski, um dos fundadores do fórum e diretor do Ibase (Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica). Outro elogio partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Os debates foram de bom nível, e a presença popular foi forte", disse o mandatário nacional, que esteve quinta e sexta na capital do Pará.
Os problemas de infraestrutura, porém, foram diversos. Um deles foi a hospedagem. Os participantes (estimados entre 100 mil e 120 mil) tiveram de usar desde motéis em rodovias a dezenas de quilômetros da cidade até barcos em porto pouco vigiados (um grupo protestou no fórum porque as embarcações eram assaltadas diariamente).
O transporte foi o gargalo seguinte. A avenida Perimetral, que leva às sedes do encontro, à UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia) e à UFPA (Universidade Federal do Pará), conheceu filas imensas, afinal, sua anunciada duplicação não saiu do papel e não havia lugar para os ônibus fretados deixarem os visitantes - assim, cada um que descarregava os participantes na porta do campus, parava o fluxo de carros até o último passageiro descer.
Era tão lento o tráfego que a solução mais rápida era pegar o barco que liga as duas universidades. Outros desciam e iam a pé o quilômetro final sob o sol do meio-dia. "Isso aqui ficou bem desorganizado, mas já previa esse tipo de coisa", criticou a estudante gaúcha Carina Ritter.
O campus da UFRA concentrou os problemas. O principal deles foi um tumulto que mostrou o mundo real do "outro mundo possível", quando a população da vizinha favela Terra Firme tentou entrar no campus para acompanhar o show do grupo local La Pupunha. Os seguranças barraram os populares (afinal, só entrava quem tinha credencial de participante), e os organizadores cancelaram as apresentações artísticas por lá para evitar novas confrontações.
Os desencontros para achar mesas-redondas, simpósios e debates foram um capítulo à parte. A atividade "Não-violência como ferramenta da revolução social" anunciava para a tarde de sexta como debatedores o pensador norte-americano Noam Chomsky e o escritor uruguaio Eduardo Galeano, duas celebridades da esquerda mundial. A surpresa veio quando as dezenas de pessoas presentes iriam acompanhar uma videoconferência
Já a palestra da política alagoana Heloísa Helena mudou de horário, da tarde para a manhã, e quem andou sob forte chuva para chegar ao auditório a dois quilômetros do portão da UFRA viu-se no local sem a palestrante programada. A organização argumenta que cada tema tinha sua autogestão, por isso, era difícil centralizar a informação do que realmente iria acontecer em cada encontro inicialmente programado.
Por seu lado, os proveitos do Fórum Social Mundial saem durante este domingo. Durante a manhã, aconteceram as assembléias para escrever as conclusões das discussões tidas durante os últimos quatro dias. Os textos finais serão lidos durante show que encerra o evento no campus da UFRA. Os temas que ganharam assembleias foram direitos humanos, justiça climática, militarismo, Amazônia, crise econômica, negros, mulheres, democracia, corrupção, educação, políticas migratórias e meio ambiente.
O FSM foi criado Porto Alegre (RS) em 2001 para achar alternativas à globalização e como oposição ao Fórum Econômico Mundial, que acontece desde 1971 na cidade suíça de Davos. As lideranças do FSM, contudo, se dividem sobre se deve haver uma posição conjunta das centenas de movimentos sociais envolvidos no evento. Uns querem que seja apenas um local de discussão, já outros apontam que é necessário que saia um consenso e se construa uma alternativa concentra.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
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