Estímulos externos e relação com pais levam jovens a iniciarem vida sexual mais cedo.
Para especialista, confiança e liberdade dosada são fundamentais entre pais e filhos.
A sexualidade dos adolescentes mudou nos últimos anos. Segundo a psicoterapeuta Mara Pusch, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de começarem a vida sexual mais cedo, os jovens, expostos a estímulos externos, se permitem manifestar desejos antes inaceitáveis como, por exemplo, dormir com o namorado na casa dos pais.
Mara faz parte do projeto OPS (Orientação e Pesquisa em Sexualidade), do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA). Segundo ela, os métodos contraceptivos foram um dos fatores que fizeram com que os jovens mudassem parte de seus valores e tendessem a uma maior liberdade.
“Acho que a iniciação sexual do jovem depende pouco da liberdade dada pelos pais. Os pais, tanto liberais quanto rígidos, incentivam a sexualidade dos filhos, porque essa é uma fase de auto-afirmação para o adolescente. Ele acha que nada vai acontecer com ele e questiona as exigências dos pais”, diz Mara.
Liberdade com limites
Para a especialista, a melhor relação entre o adolescente e seus pais se estabelece por meio de uma liberdade dosada. “Se o jovem quer dormir com a namorada em casa, o ideal não é proibir, mas permitir com limites. Eles podem, por exemplo, dormir juntos de porta aberta, ou qualquer outro combinado que os pais determinem com os filhos”, diz Mara.
Para especialista, liberdade dosada permite uma relação melhor entre pais e adolescentes. É isso o que faz Márcia Alice Alves, mãe de Natália Alves Damaceno, de 19 anos. Natália namora há dois anos e três meses e desde os quatro meses de relacionamento dorme com o namorado em casa. Segundo a jovem, a confiança que conquistou da mãe ao longo dos anos favoreceu a liberdade que tem hoje. “No começo era um pouco constrangedor, principalmente para meu namorado, mas hoje é normal”, diz.
Para Márcia, a permissão foi uma forma de criar um novo canal de diálogo com a filha. “Sempre tivemos uma relação muito próxima e aberta. Acho que essa liberdade deve vir com calma, juízo, respeito, e sempre baseada em uma relação transparente”, afirma a mãe, que conta ter demorado um pouco para se acostumar com a idéia que hoje considera normal.
Outra adolescente entrevistada pelo G1, de 18 anos, que prefere não ter o nome divulgado, dorme com o namorado na casa dos pais dele, mas seus pais não sabem. "Dormimos juntos desde o começo do namoro, que já dura mais de um ano. Não sei se meus pais aceitariam ou entenderiam, mas acho que seria constrangedor. Na minha casa dormimos em quartos separados", afirma.
Mara afirma que o primeiro passo para entender o momento do filho e lidar bem com as diferenças entre as gerações é colocar-se como pai e não tentar ser o melhor amigo do jovem. Outra boa maneira de evitar surpresas é procurar conhecer os lugares que o filho freqüenta e suas companhias. “Os pais devem saber o que permitir, sempre dependendo da idade dos filhos e da personalidade de cada jovem. Filhos de mesmo pai e mesma mãe podem ser muito diferentes e exigir liberdades diferentes”, diz.
O fundamental é lembrar que não existe uma fórmula específica nem a hora certa de iniciar a vida sexual. “A regra é não ter regra. Os pais devem apenas dar exemplos de afeto em casa, para ensinar que uma relação sexual precisa de afeto, independente da idade. Outro conceito importante é o da experimentação: ficar, dar beijos na boca, é importante nessa fase da vida”, afirma.
Jovens com projetos de vida e objetivos costumam evitar o uso de drogas e tomar mais cuidado com uma gravidez precoce indesejada, segundo a especialista. Vale destacar, no entanto, que o objetivo deve partir do próprio jovem com o apoio dos pais. “A adolescência é uma fase de muitos exageros, paixões, entregas. É importante que os pais entendam todas essas mudanças e se adaptem às transformações que ocorrem entre cada geração”, diz.
Fonte: G1.com
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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