terça-feira, 14 de outubro de 2008

Eleitores festejam vitória das urnas


Tradicionais carreatas são realizadas com irreverência e bom humor nas maiores cidades do Sertão Central

Quixadá. Depois da batalha nas urnas, coligações vitoriosas e simpatizantes foram às ruas do Sertão Central para comemorar os resultados das últimas eleições. Sem as provocações e as baixarias registradas no período pré-eleitoral, o clima de descontração prevaleceu nas cidades de Quixadá e Quixeramobim, onde se concentram o maior número de eleitores da região. Apesar das lideranças políticas terem solicitado respeito, aos candidatos derrotados não faltou gozação de boa parte dos participantes com os opositores. “Bacuraus” e “cururus” comemoraram a vitória com alegria e deboche.

Bicicletas, motocicletas, carros, caminhões e ônibus lotados percorreram as principais ruas e avenidas de Quixadá na tradicional carreata da vitória. Foram quase duas horas de percurso. A cidade literalmente “avermelhou” e parou para ver o animado cortejo da coligação “Juntos Venceremos” (PT/ PV/ PMDB) passar. Não faltaram fogos e bandeiras tremulando pelo caminho. Alguns não se contentavam em vestir a camisa estrelada. Penduraram caixas de medicamentos nas roupas. Outros foram mais além. Pintaram a cara. Não demorou muito e a “vacina para bicudo” virou atração. Na Praça José de Barros, onde o passeio tradicionalmente é encerrado, houve até fila para tirar foto com a alegoria criada pelo comerciário Francisco Valdemir Rabelo. Ele disse que se o resultado fosse diferente teria que suportar a brincadeira dos adversários. “Com certeza eles fariam o mesmo. Já andavam até com enormes baladeiras penduradas no pescoço”, disse.

Havia temores de confronto entre os grupos políticos rivais durante a carreata. Mas o que se viu foi uma animada festa, sem incidentes. Bem diferente do clima tenso registrado até o dia seguinte às eleições, o médico eleito, Rômulo Carneiro, e o vice, Airton Buriti, desfilaram ao lado do prefeito e presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Ilário Marques, e da primeira-dama e deputada estadual, Rachel Marques.

Em Quixeramobim foram os “sapos”, centenas deles, que invadiram a cidade. Embora o verde não seja a cor predominante dos vitoriosos e tenham utilizado o mesmo símbolo da eleição retrasada, uma maçã, definitivamente os anfíbios saltitantes caíram no gosto popular. Foram transformados numa espécie de mascote na reta final da campanha. A idéia surgiu logo após o pronunciamento do deputado federal Ciro Gomes, em cima do palanque, em comício realizado na cidade.

A provocação estimulou a criatividade dos militantes da coligação Quixeramobim Amado (PMDB/PSDB/PTB/ PDT/PP/ PTC/PR).

Orgulho

Abraçada com o mascote, a operária Luciana da Silva Paiva ficou orgulhosa com a resposta original dada pelo povo de sua terra ao discurso do político. Não imaginava que um dia ele iria subir num palanque para hostilizar seus próprios eleitores. “Até sal passaram a jogar na gente quando as nossas carreatas passavam pela cidade. Agora, as nossas pererecas tão pulando de alegria para todo lado”, comentou ela, sorridente pela reeleição do seu candidato, o engenheiro e empresário Edmilson Júnior.

SAIBA MAIS

Bacurau

O bacurau (Bacurau de rabo branco) é uma ave noturna do Cerrado brasileiro. Possui asas longas e pernas curtas. Normalmente fazem o ninho perto do chão. Consta na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção. O termo começou a ser utilizado nas eleições para simbolizar uma corrente desagradável, já que o bicho é muito feio.

Cururu

O nome cururu tem origem na língua tupi, onde kuru´ru é a designação popular dada aos grandes sapos do gênero Bufo. O Bufo Marinus, conhecido como sapo-cururu, é nativo das Américas Central e do Sul. Os adultos e os girinos são muito tóxicos quando ingeridos. Geralmente se associa alguém indesejável, que aparece de repente, aos cururus.

Bicudos

Bicudos podem ser pequenos pássaros originários do Brasil; peixes encontrados no Atlântico; ou então insetos, besouros da América Central. No Brasil, em 1983, causou enormes prejuízos nas plantações de algodão do Nordeste. No caso da política, ´bicudo´ se refere ao tucano, ave símbolo da fauna brasileira e do PSDB.

Alex Pimentel
Colaborador

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