quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vírus da Aids circula entre humanos há cem anos, diz estudo

O vírus da Aids circula entre humanos há cerca de cem anos, décadas antes do que cientistas estimavam, afirma um estudo publicado na revista "Nature". Até agora, pesquisadores afirmavam que o vírus foi transmitido de chimpanzés para humanos na década de 30.

Entretanto, análises genéticas indicam a presença do HIV entre humanos entre 1884 e 1924, momento em que a África iniciava sua urbanização, mas a estimativa mais focada aponta o ano de 1908. O vírus da Aids só foi detectado no começo da década de 80, quando a doença começou a chamar a atenção de médicos e entidades de saúde.

A equipe de Michael Worobey, da Universidade do Arizona, chegou à nova data após comparar as seqüências genéticas de duas amostras do vírus, de 1959 e 1960, as mais antigas encontradas. As amostras são de duas pessoas infectadas em Kinshasa, capital da atual República Democrática do Congo.

Os pesquisadores fizeram o cálculo utilizando o método do "relógio molecular", em que eles analisam a quantidade de diferenças nos genes de "versões" anteriores do HIV e de seu antecessor animal, chamado SIV, a forma símia do vírus. Com isso, é possível estimar quando viveu a versão comum entre os dois.

Urbanização

A nova data coincide com uma época de mudanças na história da região onde o HIV se originou. No início do século 20, as colônias européias começavam a se instalar nos territórios que hoje são ocupados pela RDC e países limítrofes.

Segundo os pesquisadores, o crescimento dos novos centros urbanos e as condutas de alto risco associadas a eles talvez tenham sido a causa da rápida expansão do vírus. Décadas mais tarde, a partir 1960, o número de infectados com o HIV na região havia disparado.

A Aids veio a público no começo da década de 80, quando médicos notaram um grupo de mortes incomum entre homossexuais em Nova York e na Califórnia. Desde então, a doença matou ao menos 25 milhões de pessoas. Cerca de 33 milhões de pessoas vivem com o vírus atualmente.

Quanto ao futuro do surto da doença, Worobey é otimista. Para ele, assim como as mudanças experimentadas pelo ser humano possivelmente permitiram ao vírus se propagar, está nas mãos do homem reverter a atual situação.

"Se o HIV tem um ponto fraco, é que se transmite relativamente mal. Existem várias maneiras de reduzir a transmissão e forçar o vírus à extinção, que vão desde melhorar a detecção e a prevenção até usar de um modo mais amplo dos tratamentos com antiretrovirais".

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